Que todos sejam cristãos nos atos, não só nas palavras

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Visita do embaixador do Vaticano deveria provocar reflexões, principalmente na classe política.

No ano passado, durante a visita do papa Francisco ao Brasil, o País viveu momentos de reflexão cristã, adotou postura mais adequada e até os protestos reduziram sua frequência, porque, por mais lógico que seja o militante, até para que suas propostas de luta dêem certo é necessário ter fé.
A semana iniciou-se em Bebedouro, com a visita do núncio apostólico Dom Giovanni D’Aniello, em passagem oficial por nosso município. Mas em seu discurso, revelou que já tinha vindo conhecer a cidade, na noite de domingo. Para quem não se orgulha desta terra, deveria honrar-se com este ato.
A vinda do religioso, representante do Papa no Brasil, coincide com o início de fato das campanha políticas. Somente depois do fim da Copa do Mundo, em que saímos humilhados pelas duas derrotas de goleada da Seleção Brasileira, 7 a 1 para Alemanhã e 3 a 0 para Holanda, a população volta sua atenção para os postulantes a cargos públicos.
Bebedouro, com cinco candidatos a deputado, nas esferas estadual e federal, nem todos compareceram sequer à missa do religioso. Não deveriam estar lá para tirar proveito político, mas para escutar a homilia do núncio, que puxou a orelha dos cristãos, para imitarem a Cristo não só nas palavras, na automática leitura dos Evangelhos, mas na postura e servir de exemplo.
Os candidatos certamente possuem ‘marketeiros’ contratados para parecerem melhores do que são. É bem provável que, de setembro a outubro, 30 dias antes do pleito, esbarremos em todos, desde a fila na padaria, quermesses, jogos de futebol amador, batizados e qualquer outra aglomeração. Os candidatos vão parecer tentar imitar Cristo quando dizia, “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei entre vós”. Jesus vinha em nome de nossa fé, os candidatos em busca apenas dos votos.
Mas com eleitorado cada vez mais crítico, todas atitudes são observadas, inclusive antes do registro das candidaturas. Já não vale mais a ilusão de que o cidadão tem memória curta. Pelo menos nas últimas eleições em Bebedouro, não se percebe perdão da população para deslizes. Basta olhar para a Câmara de Vereadores, onde não há veteranos, todos com no máximo três mandatos.
Assim como disse em homilia Dom Giovanni, ao repetir a frase do Papa Francisco e recomendar aos padres estarem mais próximos da população, os políticos precisam estar mais presentes em todos os momentos da comunidade, não só quando lhes convém. Quem sabe, se tivessem mais convivência com o cidadão comum, seriam menos sensíveis a subornos e a omissões.

Publicado na edição nº 9719, dos dias 15 e 16 julho de 2014.