Está marcado para 8 de agosto, reunião em Guariba, em comemoração aos 30 anos de criação da Pastoral dos Migrantes, onde se congregavam cristãos mobilizados para apoiar os trabalhadores do corte da cana-de-açúcar, trazidos dos estados do Nordeste para o interior de São Paulo.
A pastoral foi criada em momento crucial para este importante segmento da sociedade brasileira: no ano em que houve grave revolta popular em Guariba, em reação às péssimas condições de trabalho, alto custo de vida e baixa remuneração.
Os trabalhadores movimentavam a economia da pequena Guariba com seus ganhos, porque alugavam casas, compravam em supermercados e lojas de roupas e eletrodomésticos, levados no final da safra para suas cidades de origem. Resultado deste conflito resultou em melhora nas relações trabalhistas no campo em todo país.
A mecanização do corte, vital para melhorar as condições ambientais, com a eliminação da queima da palha da cana, não foi acompanhada de medidas sociais para recolocação dos cortadores desempregados. Felizmente, a demanda de mão-de-obra para grandes obras e o boom da construção civil absorveu os trabalhadores.
Porém, para a economia de Guariba e outras cidades, usadas como dormitórios por estes trabalhadores, o fim da migração e vinda destes trabalhadores sazonais, resultou em forte impacto nas finanças.
Outro reflexo da mecanização foi o deslocamento das religiosas integrantes da Pastoral dos Migrantes de Guariba para outras regiões do estado, onde ainda há migração nordestina, mas não são muitos os locais.
Felizmente o país mudou, descentralizando o crescimento econômico, com instalação de empresas também no nordeste, evitando a inevitável vinda para o “Sul Maravilha”. O que se espera é que este crescimento seja perene e sustentável.
Publicado na edição nº 9719, dos dias 15 e 16 julho de 2014.