Antônio Carlos Álvares da Silva
Já tinha acontecido várias vezes nos meses anteriores. Não se tornou notícia velha, porque aconteceu novamente com o jogador Daniel Alves. Estou me referindo ao fato de torcedores de um time de futebol, hostilizarem os jogadores não brancos dos times adversários, chamando-os de macacos e atirando bananas em sua direção, nos estádios. Daniel Alves virou noticia mundial, quando, surpreendentemente pegou a banana e a comeu. (bananinha mixuruca; ele a comeu de uma só bocada). Durante vários dias a notícia criou polêmica. Alguns poucos a criticaram, alegando ter ele passado recibo de racismo. Mas, a maioria elogiou a presença de espírito e a resposta debochada, dada ao ofensor. Ele retirou da banana a condição de símbolo do racismo e mostrou, que ela é apenas uma fruta gostosa. No conjunto, todos esses episódios foram considerados profundamente racistas e sofreram severas críticas. Os clubes desses torcedores foram punidos juntamente com eles. Não tem dúvida, que a ofensa tem fundo racista, mas, tem característica especial: Os torcedores, ao mesmo tempo que tentam ofender os jogadores pretos do time adversário, reverenciam e idolatram os pretos de seu time, cercando-os de admiração. Isso permite antever, que, no futuro, o jogador agora ofendido, se for contratado pelo clube dos ofensores, ele passará a ser reverenciado, admirado e endeusado, pelos mesmos racistas. É uma atitude, que costuma se repetir, quando alguém assume, com paixão, um lado de uma facção em partidos, religiões e clubes. É um sectarismo condicionado ao lado assumido. É sempre uma posição perigosa, porque nela, nunca estão presentes o bom senso e a inteligência.
NOTA EXPLICATIVA: Algumas pessoas estranham, que eu use sempre a expressão “preto”, para denominar os de cor, ao invés, de usar a expressão “negro”. É porque aquela é a expressão usada pelo IBGE; quando mostra suas estáticas. Também, porque na língua inglesa, a expressão negro é considerada pejorativa. Ela é restrita aos pretos da Nigéria. Nos Estados Unidos, a expressão sempre usada é “Black”. Aliás, se for usada a expressão para a maioria, talvez o correto fosse “marrom”.
(Colaboração de Antônio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense)
Publicado na edição nº 9691, do dia 10º 11 e 12 de maio de 2014.