Tropa de Elite 2 – o retrato do País

0
899

Filme demonstra como são eleitos deputados  que depois fazem parte de comissões importantes.

Quando esta coluna chegar às mãos de muitos leitores, espero que todos tenham assistido na noite de segunda-feira (1º), o filme Tropa de Elite II. É praticamente uma lição cinematográfica didática para entender este País.
O diretor José Padilha abre o roteiro onde a história parou no filme Tropa de Elite, a violência. O cantor Seu Jorge interpreta um cruel chefe de facção criminosa que resolve acertar as contas dentro da penitenciária. Como porta voz do senso comum, o personagem de Wagner Moura, coronel Nascimento, acha melhor que todos se matem e depois terminar o serviço. Isto não choca, porque foi o que todo mundo pensou no Massacre do Carandiru e toda vez que tem rebelião de presidiários.
Mas no desenrolar do enredo, vai se mostrando o verdadeiro Brasil de acordos políticos e conveniências eleitorais, ditados por índices de Ibope. Um apresentador de programa policial, que por baixo do pano tem ligações com milícias e controla a secretaria de segurança pública, até o governador. Ao invés de combater o crime, todos fazem aliança com os delinquentes e ganham apoio político em troca.
Como se fosse um representante do cidadão comum, o coronel sente arder o nariz quanto mais se descobre da podridão política. Quando tenta mudar o quadro, é alvo de atentado. A melhor cena do filme é quando ele dá aquela surra no deputado federal corrupto.
Porém, José Padilha não escreveu um conto de fadas com final feliz. Ele coloca o deputado federal corrupto justamente na Comissão de Ética da Câmara Federal. Posso não achar correta a colocação do deputado federal Marcos Feliciano (PSC/SP) como presidente da Comissão de Direito Humanos, mas ele foi eleito legitimamente e está neste cargo por força de acordos políticos dos partidos. A mesma coisa acontece com mensaleiros que estão em outras comissões importantes. Feliciano não me representa na Comissão de Direitos Humanos, tanto quanto José Genoino (PT) e João Paulo Cunha (PT), não me representam na Comissão de Constituição e Justiça.
Tropa de Elite 2, deve ser revisto inúmeras vezes para percebermos o que há por trás de muitos discursos políticos. De fato há pouca disposição em acabar com a miséria, a seca no Nordeste e a violência. Tudo isto faz parte da engrenagem. E o mais triste de tudo é ver que aqueles que na década de 80 prometiam combater isto tudo quando chegassem ao Poder, agora são os mais omissos.

(Colaboração de Marco Antônio dos Santos, jornalista).

 

Publicado a edição n° 9529, dos dias 02 e 03 de abril de 2013.