
Antonio Carlos Álvares da Silva
Há pessoas, que se espantam, com a fidelidade dos sindicatos e das Centrais Sindicais com Lula e o governo do PT. Realmente, com o aumento do desemprego, a indústria e o comércio em recessão e a inflação em alta, a classe trabalhadora e seus sindicatos não teriam nenhum motivo, para estarem tão satisfeitos com o desempenho do PT. Mas, não: A CUT e os sindicatos se movimentam em atos de apoio incondicional ao Governo Federal. Gastam bastante dinheiro para arregimentarem adeptos e os dirigirem a Brasília e outras cidades e declararem esse aplauso de forma vibrante. Em ato no Palácio presidencial, o presidente da CUT falou até em pegar em armas, em defesa do governo. Para entender essa fidelidade, que chega às raias do fanatismo temos, que lembrar a estrutura dos sindicatos. Esses órgãos são financiados por um imposto, chamado Imposto Sindical. Ele é cobrado dos empregadores todo ano, no valor de um dia de trabalho, de seus empregadores e repassado aos sindicatos. Como o Brasil tem milhões de empregados é fácil imaginar o montante, que é arrecadado. É tão representativo, que anos atrás, causou a criação de milhares de sindicatos e Centrais Sindicais, para usufruírem dele. Já era uma maravilha para os sindicatos e Centrais Sindicais. Mas, o governo Lula acresceu uma outra vantagem, que o tornou particularmente apetitoso: Os sindicatos recebem anualmente toda essa dinheirama e não são mais obrigados a prestar contas de seu uso e abuso. Você já imaginou um dirigente sindical gastar essa fortuna do jeito, que quiser e não ter ninguém do governo ou da justiça, para fiscalizar esse uso? Nem no Édem, vulgo Paraíso, existem coisas
assim!
Mão grande na Petrobrás
A corrupção nos contratos da Petrobrás, por funcionários e políticos, nos contratos com as empreiteiras já são tantos, que existe o risco virarem rotina e não serem mais motivos de comentários. Todavia, existem alguns, que ainda chamam a atenção, por terem aspectos pitorescos inusitados. Um deles envolveu Luiz Eduardo, irmão do herói revolucionário José Dirceu. Ele recebeu, mensalmente, entre 2011 e 2013 a importância de 30 mil reais do lobista Milton Pascovitch (Estadão, 8/8/15, A-8) O pitoresco está na candura, com que ele admitiu na justiça esse recebimento. Disse, que essas importâncias lhe eram entregues espontaneamente, já que nunca as pediu. Essa candura decorre do fato dele nunca ter-se interessado em saber, porque esse dinheiro lhe estava sendo pago. Essa falta de curiosidade é mais que cândida, é terna!
Outro caso, que achei pitoresco, para meu padrão, aconteceu diretamente, com o citado José Dirceu. Ele tem uma casa em condomínio fechado em forma de chácara, no município de Vinhedo. Uma empreiteira reformou essa casa por sua conta. Nem se precisa perguntar a razão: Foi alguma consultoria prestada por José Dirceu, especialista em aconselhar empreiteiras. Mesmo, quando está preso. Como as outras, que já lhe renderam anteriormente mais de 39 milhões de reais. O fora do comum está no valor dessa pequena reforma. Hum milhão e 300 mil reais! Fico pensando: Se a reforma ficou nesse valor, quanto será, que vale a casa?
(Colaboração de Antônio Carlos Alvares da Silva, advogado bebedourense).
Publicado na edição nº 9881, dos dias 22, 23 e 24 de agosto de 2015.