Uma parceria perigosa

0
501

Numa época de muitos compromissos e obrigações em que as pessoas são bombardeadas por informações de todos os lados, o tempo acaba se transformando em joia rara. Nesse cenário de restrições ao menos um aspecto da vida pessoal acaba sendo muito prejudicado: a relação entre pais e filhos. Crianças e adolescentes que não têm a dedicação e o amor dos pais se sentem isolados numa sociedade que mal consegue lhes abrir um espaço. Como conseqüência, muitos desses jovens refletem um comportamento destrutivo ou agressivo, permeado de drogas.
A situação é tão séria que algumas comunidades escolares e de bairros dos Estados Unidos, estão adotando um programa de mentores voluntários, dispostos a dedicar o seu afeto e tempo a aqueles que muito necessitam. Avaliações demostram que esses programas têm funcionado bem, ajudando os jovens a escolher caminhos melhores para resolver os seus problemas.

O uso das drogas

Um em cada três adolescentes britânicos já fumou maconha. Isso é o que mostra uma pesquisa realizada pelo Centro Nacional para Pesquisa Social da Grã-Bretanha. No Brasil, os jovens gaúchos e cariocas estão no topo da lista de usuários de drogas: 15% dos adolescentes do Rio e de Porto Alegre revelam que usam ou já usaram algum tipo de droga ilícita. Fortaleza é a capital com menor índice: 2% de usuários. Esses números foram divulgados pela Unesco, cuja pesquisa foi realizada em 14 capitais brasileiras com estudantes de 10 a 17 anos.
Já em outra pesquisa, esta realizada pelo Departamento de Psicobiologia da Unifesp e pelo Cebrid em 27 capitais, revelou que entre os estudantes de ensino fundamental e médio, o álcool é a droga mais amplamente utilizada, sendo que 65% dos estudantes pesquisados já o consumiu ao menos uma vez na vida. A lista de drogas mais consumidas, obtida pelo 6º Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas no Brasil, mostra a seguinte composição: 1) álcool, 2) tabaco, 3) inalantes, 4) maconha, 5) ansiolíticos e 6) cocaína.

O tabaco e os adolescentes

Pesquisa realizada por cientistas da Agência de Câncer da Colúmbia Britânica (Canadá) e publicada na revista The Lancet, revelou que mulheres que fumam na adolescência têm maior risco de apresentar câncer de mama no futuro. Duas mil mulheres da Colúmbia Britânica responderam à pesquisa e cerca de 50% delas, tinham o câncer.
Os cientistas dizem que o risco de câncer de mama associado ao fumo está ligado a substâncias cancerígenas contidas no tabaco como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, aminas aromáticas e nitrosaminas. O tecido mamário é mais sensível a algumas dessas substâncias, principalmente quando o hábito de fumar iniciou-se até cinco anos após a menarca – primeira menstruação. Especificamente para as mulheres que se encaixam nessa situação, o risco de contrair o câncer aumenta em até 70%.

Balanço geral

O mundo hoje possui cerca de dois bilhões de fumantes. Destes, 25 milhões estão no Brasil. As grandes companhias tabagistas sempre tentaram persuadir principalmente o público jovem, associando o fumo à inteligência, à criatividade, ao espírito desportista e à própria juventude.
Por uma atitude de bom senso e necessidade, o governo brasileiro, aliado a organizações não governamentais e associações de bairros e escolas, têm combatido esse tipo de mentira, através de uma legislação rígida e de inúmeras campanhas antitabagistas e antidrogas. A batalha é longa, difícil e principalmente injusta, dados os elementos cativantes e envolventes que estão por trás do fornecimento das drogas. É necessário que fiquemos atentos ao ambiente em que vivemos, aos desvios, às más influências e às atitudes suspeitas. Precisamos combater arduamente esse escárnio social, afinal, droga não faz bem a saúde de ninguém.

Publicado na edição nº 10062, de 24 e 25 de novembro de 2016.