Marcos Hiller
Ano novo. E vem a ideia de vida nova. Quem inventou o calendário, essa medida do tempo em séculos, anos, meses, dias e minutos, não tinha ideia, como essa divisão iria influir na vida das pessoas. Tirou a monotonia do passar do tempo, sem registro, mas, induziu nos homens a noção, que a vida tem um contínuo recomeço. Também estabeleceu um ponto em cada capítulo da história. Da história do mundo e das pessoas. Alguns fatos ficam registrados, nos livros, nos jornais e filmes, mas, a maioria deles só tem registro na memória de cada um de nós. Se você pensar, que os livros, jornais e filmes só passaram a existir, recentemente, se considerarmos, os milhares de anos da história, vai admitir que, antes, a história era transmitida oralmente, de pessoa, para pessoa, de geração em geração. Não só a história, como as lendas. Aliás, naquele tempo, história e lendas, sempre andaram entrelaçadas. Vejam, uma das mais antigas, A Odisséia contada por Homero. Ela fala da vida de Odisseus, personagem, que um esnobe qualquer, resolveu traduzir para Ulisses. Ele era rei de Ítaca, uma das ilhas gregas. Quando Helena, princesa de uma das outras ilhas, foi raptada e levada para Tróia, ele se juntou aos outros reis, para resgatá-la. Destruída Tróia e resgatada Helena, a Odisséia conta a longa e venturosa viagem da volta de Odisseus, para a sua ilha, enquanto sua mulher, Penélope, o espera, resistindo ao assédio de seus pretendentes. Ele vence o gigante, Polifemo, consegue resistir ao traiçoeiro canto das sereias, até ser inebriado, durante 7 anos pelo encantamento de Calipso, ninfa do mar. Ela usa todos seus dotes, para retê-lo em sua companhia, mas, Odisseus resiste e prossegue em sua viagem, até chegar em Ítaca, matar todos os pretendentes de seu trono e de sua rainha e reencontrar o amor de Penélope. Ninguém pode dizer, que essa história foi monótona e não merece lembrança. Mas, séculos depois, o poeta americano T. S. Eliot resumiu toda essa epopeia nestes poucos versos: “Nossa exploração nunca vai cessar/ E o fim de todas as buscas / Será voltarmos ao ponto de partida/ E conhecemos aquele lugar pela primeira vez.” Iniciar, ou recomeçar, essa é a questão, que depois, o tempo vai dizer, que não faz nenhuma diferença.
Rolezinhos
A moda começou em São Paulo e está se espalhando por outras capitais brasileiras. Centenas e até milhares de jovens são convocados pela internet e invadem shoppings, para fazer movimento, algazarra e confusão. Triste sina desses jovens. Abrem mão de sua individualidade – serem uma pessoa determinada – para serem apenas um número em um bando, ou manada. É muito triste!
(Colaboração de Marcos Hiller, coordenador do MBA Marketing, Consumo e Mídia Online da Trevisan Escola de Negócios e autor do livro “Branding: a arte de construir marcas”, da Trevisan Editora).
Publicado na edição nº 9650, dos dias 25, 26 e 27 de janeiro de 2014.