Imagem recente da Fonte Sonoro Luminosa Gazeta de Bebedouro, inaugurada em 30 de dezembro de 1961. (Foto: Gazeta de Bebedouro, edição de 27 de agosto de 2021)

Desde o início do século passado, a praça Barão do Rio Branco tornou-se um dos principais locais de sociabilidade da cidade de Bebedouro, atraindo pessoas de todas as idades, em dias comuns ou de eventos especiais, de caráter cultural, cívico ou religioso.

Até a década de 1950, o principal atrativo desta praça era o coreto, que apesar de ser utilizado intensamente, no decorrer do tempo passou a ser visto como uma construção arcaica, que poderia ser substituída por outra mais moderna, talvez uma fonte ou concha acústica.

A concretização do intento começou a ser moldada no começo do ano de 1960, quando o diretor-proprietário da Gazeta de Bebedouro, José Caldeira Cardoso, anunciou o início de uma campanha em prol da construção da Fonte e da Concha, com o apoio da Prefeitura Municipal, que desde janeiro daquele ano tinha à frente do executivo, Hércules Pereira Hortal.

O lançamento ocorreu no dia 22 de maio, com a realização de um Festival Artístico no auditório do Colégio Anjo da Guarda, que incluiu a apresentação de números musicais de alunos e professores do Conservatório Musical Heitor Villa Lobos e do próprio Colégio, e contando com várias participações especiais. Foram vendidos 579 ingressos, que resultaram em Cr$ 28.950,00, valor inicial da campanha.

A ação seguinte foi a abertura de um Livro de Ouro, sendo subscrita na primeira página, a contribuição de cinquenta mil cruzeiros pelo munícipe João Pedro de Carvalho, ato que impulsionou a significativa participação de pessoas de todos os segmentos sociais. Além disso, por decisão do vigário Frei Querubim Rega, a festa de São João Batista que seria encerrada no final de junho, foi prorrogada por mais uma semana, sendo toda a arrecadação deste período destinada para a campanha em prol das duas construções.

No decorrer dos meses foram feitas várias doações espontâneas, como a renda de um espetáculo do Circo Teatro Alciati, a metade do faturamento de um dia do Parque de Diversões Serana, a receita de uma sessão do Gran Scali Circo e de um jogo de futebol, o valor aferido pelo Concurso Garçonete Simpática, lista de contribuições de ferroviários, entre outras. Foi realizado também o sorteio de três automóveis novos, após a venda de milhares de bilhetes. A Câmara Municipal aprovou a destinação de uma verba de duzentos mil cruzeiros para a Campanha.

No final do mês de outubro uma comissão formada por José Caldeira Cardoso, Hércules Pereira Hortal, o vice-prefeito Rogério Alves de Toledo, e o vereador José Deocleciano Ribeiro Filho, esteve na cidade de Poços de Caldas, a fim de apreciar as duas fontes luminosas instaladas em suas praças. Na ocasião, estiveram com os diretores da empresa Castro & Filho, daquela cidade e especialista na construção de fontes, os quais foram convidados a virem a Bebedouro para conversarem mais detalhadamente sobre a obra.

Após a visita, foram assinados dois contratos para a edificação da Fonte Sonoro Luminosa em Bebedouro, sendo o primeiro no valor de Cr$ 1.850.000,00, com a firma Castro & Filho, referente à instalação da fonte propriamente dita, e outro, no valor de Cr$ 80.000,00, com o projetista Moacyr da Cruz Ferreira, para confecção do projeto para a construção das cabines subterrâneas, lago e estrutura física.

Em novembro, a obra teve início, com a demolição do antigo coreto e a limpeza do terreno, sob a responsabilidade do construtor Roberto Liberato. Com muitos detalhes, teve sua finalização prevista e adiada por várias vezes, devido aos imprevistos e à complexidade.

Finalmente, após meses de campanha e de obras, foi definida a inauguração na noite de 30 de dezembro de 1961, com uma programação festiva que foi antecedida pela realização de uma missa em ação de graças, na Igreja Matriz. Em seguida, diante de numeroso público, aconteceu o ato inaugural, com a benção da fonte, descerramento da placa comemorativa e discursos de autoridades e do idealizador, jornalista José Caldeira Cardoso. Sequencialmente teve início o espetáculo de som, luzes e movimento das águas que desde então tornaram a Fonte o principal atrativo daquela praça.

Como reconhecimento aos esforços empreendidos por seu idealizador, a Cãmara Municipal aprovou por unanimidade que o melhoramento fosse denominado “Fonte Sonoro Luminosa Gazeta de Bebedouro”.

Quanto à Concha Acústica, sua construção seria viabilizada por meio de outra campanha, realizada nos anos seguintes, assunto que será abordado em outro artigo.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição 10.770, sábado a terça-feira, 8 a 11 de julho de 2023 – Ano 99