Muita gente quer ética, mas não a pratica na vida cotidiana.
Estes dias no supermercado Savegnago, do Bebedouro Shopping, estava na fila do caixa rápido, onde as pessoas só podem apresentar no máximo 20 volumes. Inclusive há uma placa enorme informando isto. E atrás de mim, estava um casal com um carrinho quase lotado, que aparentemente fingia não saber da regra. A moça do caixa avisou, mas para não arrumar confusão com cliente, deixou passar. Este é o nosso povo que cobra ética na política, mas não exerce nenhuma no seu cotidiano.
Olhando as postagens no Facebook vejo gente que se revolta com tudo e todos. Compartilha e curte fotos de crianças doentes, animais machucados e escândalos políticos. Mas fora da vida virtual, na realidade, estas mesmas não se soldarizam com a carência alheia, não visita nem os parentes doentes, chuta cães abandonados da porta de casa e vota em candidato apenas se ele der algo em troca.
Tudo isto me faz recordar uma parábola, não me recordo de qual evangelista, em que Jesus cita o caso do fariseu e do coletor de impostos. O fariseu é o antepassado das pessoas que aparentam ser perfeitas, defensoras da Justiça e do bem comum. Felizmente, vejo muita gente que é descendente do coletor de impostos, consideradas pecadoras, erradas, desqualificadas. E de tanto ouvir isto, até elas chegam a pensar que são. Mas agem de forma humilde e honesta.
Queremos uma cidade melhor? Boa parte da responsabilidade está nas costas dos políticos, mas outra parcela deste serviço tem de ser feita por nós. Semana passada, ocorreu audiência pública para discutir o transporte público. Fora os especialistas, representante de governo, sindicalistas e vereadores, nem cheiro do povo. É recomendável que estas reuniões aconteçam nos bairros, mas a população precisa parar de ficar preocupada com o que vai acontecer com o romance do Theo e Morena (odeio esta novela) e cuidar da própria vida. Porque até agora, a cidade foi cuidada só pelos políticos e o resultado não foi bom.
Por fim, vou fazer uma revelação: há vereadores em Bebedouro prestes a colocar em votação, o projeto de resolução para criar cargos de confiança com nomeação de assessores para si. Sabe o que vai acontecer? Muita gente vai postar um monte de xingamentos e palavras de ordem nas redes sociais, mas não vai comparecer nas sessões para pressionar. São os revolucionários do teclado. Só tem força para dar ‘enter’. É cômodo se esconder atrás do computador.
(Colaboração de Marco Antônio dos Santos, jornalista).
Publicado na edição n° 9535, dos dias 16 e 17 de abril de 2013.