Alvorada, hasteamento de bandeiras, desfile cívico, apresentações artísticas, shows musicais, competições esportivas, inaugurações de obras públicas e de empresas privadas, sessão solene, entrega de títulos honoríficos, jogos de futebol, celebrações religiosas, queima de fogos, bailes, concurso de bandas e fanfarras, apresentação da Esquadrilha da Fumaça, sessões de cinema… A lista de eventos elencados na programação comemorativa do aniversário da cidade costuma ser bastante variada, com algumas atividades se repetindo ano a ano e outras que, às vezes, buscam ser inovadoras.
Para organizar as festividades, geralmente é nomeada uma comissão com participantes do poder público, gestores de escolas, representantes de órgãos, entidades, imprensa, e outros que se reúnem com o objetivo de delinear uma programação significativa em referência ao 3 de maio, data oficial da fundação de Bebedouro, que neste ano de 2022 está completando 138 anos de existência. Mas, efetivamente pode-se dizer que esta é a “idade correta” do município? O dia 3 de maio sempre foi a data de aniversário de Bebedouro? Como esta data foi definida?
Antes de 1949, havia muitas especulações em torno de qual seria a data da fundação de Bebedouro, tendo em vista diversas referências existentes sobre este fato, muitas delas baseadas apenas na tradição oral, em que determinados acontecimentos eram contados de uma geração a outra sucessivamente, mas sem nenhuma comprovação documental.
Um dos fatos relatados entre os mais antigos referia-se à elevação de um grande cruzeiro de madeira na região da atual Praça Abílio Manoel, local que nas primeiras décadas era conhecido como Largo Santa Cruz, sempre indicado nos esboços cartográficos existentes daquele período. Mas, conforme apontou Arnaldo Christianini, pesquisador sobre a história de Bebedouro, não existe nenhum documento que comprove quando e como isso ocorreu, mas de acordo com a tradição, poderia ter sido em 3 de maio de 1878 ou 1879, há divergências quanto ao ano.
Outra data que durante as primeiras décadas do século passado se usava como referência para a comemoração era o 11 de março de 1899, quando o município foi elevado à categoria de cidade, por força da Lei Municipal no. 34. Observa-se que, no entanto, antecedendo a esta data, sucessivamente Bebedouro teve outras mudanças em sua configuração política-administrativa: em 19 de julho de 1894, por meio da Lei no. 293, tornou-se município; em 29 de dezembro de 1896, pela Lei no. 487, houve a criação da Comarca.
Desta forma, com o objetivo de dissipar as dúvidas existentes, foi promulgada pelo então prefeito Quito Stamato, em 27 de abril de 1949, a Lei no. 57, que “Institui o Dia da Fundação de Bebedouro, declarando-o feriado municipal”, tendo como justificativa o que se apresenta no Artigo 1º da referida Lei: “Fica estabelecida oficialmente como data da fundação de Bebedouro a data de 3 de maio de 1884, dia em que se lavrou a escritura de doação da primeira parte do atual patrimônio urbano”.
A escritura citada nesta Lei foi aquela lavrada na vila Ribeirãozinho (atual município de Taquaritinga) referente à doação feita por João Francisco da Silva e sua esposa Ana Cezário Pimenta ao “Procurador da Capela”, José Inácio Garcia, de parte das terras da Fazenda Bebedor, o que deu início à formação patrimonial da povoação de São João de Bebedouro ou São João da Boa Vista de Bebedouro, primeiras denominações do futuro município.
A definição desta data como o Dia da Fundação de Bebedouro resultou de intensas pesquisas realizadas pelo jornalista Eugênio de Oliveira e Silva, por designação do prefeito Quito Stamato. O resultado foi também a escrita do “Ensaio Histórico de Bebedouro”, no qual o jornalista incluiu dados consideráveis sobre as origens e o desenvolvimento do município nas primeiras décadas.
Assim como Eugênio de Oliveira e Silva, vale assinalar o empenho de diversos historiadores, memorialistas ou jornalistas, que no passado desenvolveram inúmeras pesquisas sobre aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, deixando legados que se tornaram referenciais quanto à história e memória do município, constituindo-se em fontes de consulta para novas gerações não apenas de pesquisadores, mas para todos os bebedourenses.
Publicado na edição 10.663, de sábado a sexta-feira, de 30 de abril a 6 de maio de 2022.
Prezado João Pedro,
Em primeiro lugar, deixe-me dar-lhe os parabéns pelos artigos sobre a rica história de Bebedouro. Quem nasceu na cidade ou conviveu nela por muitos anos sabe da importância que é manter viva a sua memória.
Segundo, lendo-os, pessoalmente faço uma volta ao passado, o que me remete a tempos de muita alegria e pouca responsabilidade. É impossível não sentirmos um tremendo saudosismo quando nomes como os dos professores Lelis, Lauro, Plinio e Paulo Madeira são mencionados. Essas lembranças estão tão arraigadas à nossa memória que dificilmente seríamos quem somos se não fossem elas.
Que você continue firme e forte escrevendo as suas histórias e nos remetendo nesse túnel do tempo de volta a um passado majestoso.
Grande abraço,
Wagner Zaparoli