De Santuário a Capela de Santa Terezinha: histórico da construção

José Pedro Toniosso

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Em setembro de 1938, a imprensa local informava a realização de uma grande festividade religiosa voltada para o lançamento da pedra fundamental do Santuário de Santa Terezinha, que seria construído em terreno ao lado do edifício do Ginásio Municipal.

De acordo com o que fora anunciado, às 9 horas do dia 3 de outubro, ocorreu a colocação da primeira pedra pelo prefeito Antônio Alves de Toledo e, na sequência, missa campal, celebrada pelo bispo da diocese de Jaboticabal, D. Antônio Augusto de Assis, juntamente com o vigário da Paróquia de São João Batista, Monsenhor Aristides da Silveira Leite, além da participação de inúmeros fiéis.

Para que a construção fosse viabilizada, houve intensa mobilização da comunidade católica, conforme comunicado de janeiro de 1939: “A Comissão encarregada da construção do Santuário de Santa Terezinha do Menino Jesus, nesta cidade, já de posse da planta a ser executada, em terreno doado para esse fim, pelo benemérito cidadão e abastado agricultor, sr. Queixa Perez, sócio fundador e benfeitor desta instituição católica, pede a todos aqueles que têm em seu poder as listas, cujas quantias já atingiram a importância assinalada no cabeçario das mesmas, que as venham entregar aos membros da respectiva comissão à Rua Prudente de Moraes n. 308, residência do dr. Paraíso Cavalcanti, ou à Rua dos Andradas, residência do sr. Alcindo Paoliello. As obras terão início imediato e estarão a cargo dos srs. dr. Oscar Werneck e Pio Bitelli […].”

Ao contrário do que geralmente ocorria na formação de Comissões, hegemonicamente masculinas, esta era formada apenas por mulheres, sendo elas: Aida Caldeira Paoliello, Suzana Paraíso Cavalcanti, Yone Vasconcellos Alves de Toledo, Atila Marques Porto e Vicencina Pereira.

Atendendo à solicitação, muitos fiéis contribuíram com recursos financeiros ou materiais, e além das doações diretas, houve também a organização de rifas, tômbolas e quermesses, cujos resultados foram revertidos para a construção do Santuário. Em uma destas festas, realizada em maio de 1940, eram anunciadas “graciosas barracas, sendo diretores elementos representativos da sociedade local”.

Mesmo com tanto empenho, houve necessidade de interromper a construção entre o final de 1940 e início de 1941, sendo as obras retomadas em junho deste ano. Finalizada a construção, foram organizadas várias festividades, realizadas entre os dias 6 e 21 de dezembro. O primeiro dia foi iniciado com procissão que transladou a imagem de Santa Terezinha da Igreja Matriz para a nova capela, com acompanhamento de grande número de fiéis. Dando continuidade à parte religiosa, ocorreu a benção do Santuário e, em seguida, a abertura da quermesse, que se estendeu por vários dias.

No dia 7 de dezembro foi celebrada a primeira missa no novo templo, avaliado pela imprensa como “sóbrio em seu aspecto arquitetônico, ornado com singeleza, mas ao mesmo tempo, como gesto, constitui o Santuário mais uma conquista para os meios católicos.” Na semana seguinte, em 14 de dezembro, ocorreu uma missa na parte da manhã, celebrada pelo bispo da diocese. À noite, novena e quermesse com leilões.

Em agosto de 1951, a Comissão responsável pela Campanha Pró-Construção do Santuário de Santa Terezinha divulgou o balancete final, no qual se observa uma extensa relação de colaboradores, principalmente de mulheres Conforme publicado, houve o recebimento de donativos dos mais variados valores, doações individuais, de famílias e empresas, das mais simples às mais abastadas, incluindo contribuições em espécie, materiais de construção e peças como cálices, toalhas, jarras e objetos sacros.

Embora fosse denominada “Santuário” em seus primeiros anos, esse título não foi oficializado, prevalecendo assim a denominação “Capela”. Desde a inauguração o templo tem funcionado regularmente, passando por diversas reformas ao longo do tempo, sendo a mais ampla, aquela que ocorreu entre 1992 e 1997, que fez com que permanecesse fechada. Foi quando ocorreu a construção de um conjunto de várias salas e um salão para reuniões, catequese e pastorais. Neste espaço, a partir de 2012, passou a funcionar o Centro Social do Precursor, sediando os projetos sociais da Paróquia de São João Batista, a qual a Capela de Santa Terezinha permanece vinculada.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense. www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição nº 10.746, sábado a quinta-feira, 1º a 6 de abril de 2023