Dilma em Nova York, I

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Antônio Carlos Álvares da Silva

Cumprindo uma tradição, que se repete, desde sua instalação, coube ao Brasil o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU. Dilma compareceu e dividiu sua fala em duas partes: Na primeira, relatou as realizações de seu governo. Na segunda, criticou com veemência os Estados Unidos, pelo que chamou de espionagem das mensagens brasileiras enviadas através da internet e outros meios de comunicação.
Na ONU, o assunto não mereceu muita atenção, porque, há mais de dois meses, já havia recebido os comentários usuais. A imprensa destacou, que o discurso foi mais para o público interno do Brasil, do que para a ONU. E deu resultado: O Ibope constatou em pesquisa, que a popularidade de Dilma aumentou em 7 pontos percentuais em razão do discurso.
A imprensa destacou também, que ele revelara muita ingenuidade, já que, todos países têm agências de coleta de informações (a do Brasil chama-se ABIN). Essas agências coletam dados que conseguem. Tradução: Quem quiser evitar essa coleta, tem que conseguir meios de bloquear o acesso.
Essa situação ridícula, ficou mais clara ainda, depois que a coluna de Sônia Racy, no Estadão de 25/09/2013 noticiou, que em livro publicado nos Estados Unidos em 2010, Tom Clancy conta história de agência americana, monitorando o governo brasileiro. A ficção se antecipou à realidade. Porém, um ponto dessa fala de Dilma não mereceu muita atenção. Ela não se limitou a reclamar dessa chamada espionagem. Propôs, que a busca de informações pelas agências governamentais fosse regulamentada.
Ora, tentar impor regras a uma atividade, que considera ilegal, me parece um profundo contrassenso.
É, como pretender regulamentar a traição entre os cônjuges, ou a divulgação de boatos caluniosos! Fica complicado.

Dilma em Nova York, II
A atividade de Dilma na cidade não se limitou ao discurso na ONU. Ela liderou toda sua numerosa equipe econômica em um encontro com 500 empresários americanos na sede do Banco de Investimento Goldman Sachs. Antes dela falaram os ministros Guido Mantega, da Fazenda, Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Luciano Coutinho, do BNDES e Alexandre Tomibni, do Banco Central.
Foi o maior esforço conjunto do governo brasileiro, para apresentar o programa de concessões de atividades brasileiras a serem realizadas e exploradas por investidores estrangeiros. Esse esforço tem razão de ser.
Recentemente, algumas concessões para construção do Trem Bala, para ampliação de rodovias federais e mesmo a exploração de petróleo da reserva de Libra, no Pré-sal não despertaram interesse dos investidores americanos.
O que chamou atenção foi a argumentação usada por Dilma. Há mais de 50 anos, escuto enfarado, a ladainha de todos esquerdistas contra a exploração sofrida pelo Brasil, do Império Ianque e pelos capitalistas americanos.
De repente, na sede de um banco americano, vem a Dilma e diz, dentre duas coisas: “Precisamos não só de recursos, mas, da gestão do setor privado, que é mais eficiente, mais ágil e de menor custo” (Estadão, B-3 – 26/08/13).
Não é só você, esquerdista ranheta, que durante toda sua vida, repetiu sem parar, que os Estados Unidos são o Império do Mal e a causa de todas as desgraças brasileiras, que está aturdido.
E essa de proclamar que a iniciativa privada é mais eficiente, mais ágil e de menor custo. É de deixar qualquer socialista completamente pirado. Mas, não precisa entrar em depressão.
Esquerdista não muda nunca. Eu não acredito em nenhuma dessas palavras.
Ela pode até enganar banqueiro americano. Eu, ela não engana não.
Você permaneça socialista! O mundo ainda não acabou!

 (Colaboração de Antônio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).

Publicado na edição nº 9606,  dos dias 5, 6 e 7 de outubro de 2013.