Reportagens sobre as despesas com salários e viagens da Câmara Municipal incomodam.
Um dos meus ex-companheiros do curso de Jornalismo na Unaerp, Heitor Mazzuco, é repórter da editoria de Política, do jornal Diário da Região. Semana passada, ele fez uma reportagem sobre um churrasco que os vereadores de São José do Rio Preto fizeram no estacionamento da Câmara Municipal, em comemoração ao aniversário do presidente e outro vereador. Em própria defesa, os vereadores engataram discursos de que não houve gastos públicos e que não havia ilegalidade. Justamente responderam o que ninguém perguntou, mas deixaram a questão principal em dúvida: é moral os vereadores usarem o prédio público para esta finalidade? O meu amigo é agora um dos jornalistas mais odiados do Poder Legislativo de Rio Preto, mas cumpriu brilhantemente sua função.
No ano passado, quando eu era repórter da editoria de Política, no jornal Tribuna Impressa, fiz uma reportagem sobre os gastos de viagens e telefones dos vereadores de Araraquara. Surpresa foi descobrir que era a bancada de oposição a mais gastadora. E foram estes vereadores que mais atacaram durante os pronunciamentos. Quando retornei à redação após a cobertura da sessão, que lá é à tarde, fui recebido com palmas pelos companheiros de redação e cumprimentado pelo editor chefe, Luiz Zakaib.
Função de jornalista não é agradar ou desagradar, mas informar. Colher dados e divulgá-los, deixando ao julgamento do leitor. Esta continua sendo minha função na Gazeta de Bebedouro, que segue à risca a linha dos grandes jornais.
No começo do ano, a Gazeta questionou sobre a folha de pagamento dos funcionários da Câmara Municipal de Bebedouro. É notório que a pauta não agradou nem funcionários e nem vereadores. Mas é direito da população saber quais os critérios para distribuição de gratificações e até licenças-prêmio do Poder Legislativo. E o mesmo questionamento vale também para a Prefeitura de Bebedouro. Enquanto a Lei de Acesso à Informação não for cumprida na integra com divulgação dos holerites da Prefeitura e Câmara, a democracia estará capenga na cidade.
(Colaboração de Marco Antônio dos Santos, jornalista).
Publicado na edição nº 9538 dos dias 23 e 24 de abril de 2013.
