
Casamentos são para unir famílias e não para dividí-las.
Quem tiver tempo de ir ao cinema, vá assistir o filme Gonzaga- De Pai Pra Filho. Dirigido por Breno Silva, o roteiro bem amarrado conta a história do Luiz Gonzaga – Rei do Baião e seu filho e ícone da MPB, Gonzaguinha.
Destaque para o ator Nivaldo Expedito de Carvalho que interpreta o Gonzagão, e Júlio Andrade que protagoniza o papel de Gonzaguinha. Os dois foram além dos trejeitos e semelhança física para praticamente reencarnar os dois cantores.
O diretor Breno Silva poderia ter feito um filme no estilo Ray que conta a história de Ray Charles, mas ele resolveu mergulhar na dura relação entre Gonzaga pai e Gonzaguinha filho. O 2º casamento do Rei do Baião destruiu a família. O maior cantor nordestino abriu mão de pai, mãe, irmãos e até do único filho por causa das exigências da esposa.
Gonzaguinha foi morar nas favelas do Rio de Janeiro com os padrinhos, enquanto Gonzaga vivia com a esposa em uma bela casa na zona sul. O filho só era chamado nas festividades e para posar nas fotografias.
Nada diferente do que acontece hoje em dia, em muitas famílias onde os casamentos que deveriam unir os parentes do noivo e da noiva, acabam por destruir os laços sanguíneos. Irmãos antes unidos desde a infância perdem a ligação e tudo que resta é a foto antiga de todos juntos. No Natal e Ano Novo é cada um para o seu lado. Quando muito, trocam cumprimentos por telefonemas. Às vezes, nem isto. Mas o mais interessante é que a causa da desunião, o casamento, rui na primeira oportunidade.
Só depois do casamento desfeito, Gonzagão tentou retomar a relação com Gonzaguinha. Este processo foi registrado em fitas cassetes que os dois usaram para gravar os bate papos e bate bocas. Tudo isto foi resgatado anos atrás, virou livro de Regina Echeverria e depois se transformou no roteiro do filme Gonzagão – De Pai Pra Filho.
Impossível não chorar quase no final do filme, quando uma personagem interpretada por Zezé Motta fala para Gonzagão, “Este menino nunca te pediu nada, só queria ser teu filho e te amar”.
O que a gente quer muitas vezes em nossas famílias é apenas estar juntos, em harmonia. Mas o que assistimos muitas vezes é o roteiro do filme O Poderoso Chefão, onde irmãos, cunhados, todos são mortos em nome de algo que no fim só leva à solidão.
Devemos lutar pela união familiar, porque se isto acaba, pouco importa se o mundo vai acabar. O resto é pose.
(Colaboração de Marco Antônio dos Santos, jornalista).
Publicado na edição n° 9474, dos dias 13, 14 e 15 de novembro de 2012.