Não é de hoje que as fakenews vêm atormentando a vida da população ao redor do mundo e influenciando no cotidiano da humanidade.
Mas afinal, o que é fakenews? O que é esse fenômeno capaz de alterar nossa rotina, nossos sentimentos e até nossas decisões? Se buscarmos a tradução literal dessa expressão norte americana encontramos que se trata de “notícia falsa”. Mas a expressão é bem mais ampla.
Temos ainda a definição do Wikipédia como sendo “Notícias falsas são uma forma de imprensa marrom que consiste na distribuição deliberada de desinformação ou boatos via jornal impresso, televisão, rádio, ou ainda online, como nas mídias sociais”.
Hoje em dia, com o acesso à internet e a criação de páginas em redes sociais, sejam elas estruturadas em formato profissional ou simplesmente uma página de qualquer cidadão comum, o compartilhamento de notícias alcança uma gama de pessoas de forma instantânea, sem os critérios técnicos e éticos que uma imprensa séria tem. E quando esse compartilhamento se trata de algo falso, o estrago é enorme, pois ao contrário de um canal de comunicação digno, a pessoa que pratica fakenews acredita que ficará no anonimato, impune e nunca será descoberta. Um engano. Isso porque, apesar de não haver ainda no Brasil uma legislação específica, o próprio código penal traz dispositivos capazes de responsabilizar por injúria, calúnia ou difamação quem de alguma forma disseminar inverdades sobre determinado assunto e atingir a honra das pessoas. E daí, certamente, surgirá quem levante a bandeira da liberdade de expressão, dizendo que tem o direito de se manifestar e expor sua opinião, inclusive e especialmente nas redes sociais. Contudo, são institutos que não se misturam, ou seja, liberdade de expressão não pode ser utilizada para espalhar mentiras, sobretudo quando capazes de gerar pânico, insegurança e atingir as pessoas, senão estaríamos diante de uma libertinagem de expressão e não liberdade.
Ninguém duvida dos benefícios e das facilidades que a internet propicia, porém, essa mesma certeza deveria estar presente quando alguém compartilha alguma coisa em suas redes sociais. Certeza de que aquilo é verdadeiro, certeza que irá ajudar alguém, certeza que sua postagem será contributiva para o próximo e não,, simplesmente,, compartilhar por compartilhar, sem qualquer cuidado nem medir as consequências.
De outro lado, órgãos de inteligência ligados à Segurança Pública trabalham no sentido de identificar e responsabilizar quem pratica fakenews, pois a desinformação e o pânico causados por uma notícia falsa causam medo e insegurança na população, não contribuindo em nada para o exercício da cidadania. Por isso, só compartilhe aquilo que tenha certeza que seja verdade ou será responsabilizado. Não faça na internet o que você não faria “na vida real”. Ou a realidade hoje é fake?
(Colaboração de Rogério Valverde, advogado, secretário de Segurança Pública do Município de Bebedouro).
Publicado na edição 10.753, sábado a terça-feira, 6 a 9 de maio de 2023