Nas últimas semanas temos acompanhado o imbróglio envolvendo o Santos, Barcelona, Grupo Sonda, Neymar pai e Neymar filho, tudo por causa de supostos valores pagos pelo Barcelona, diretamente à Neymar pai, para garantir que o jovem craque brasileiro assinasse com o clube catalão, dando-lhe preferência, tão logo terminasse seu vínculo com o clube praiano.
As redes sociais e a mídia televisiva tem sido o pano de fundo para os embates, acusações e pesadas ofensas entre as partes. De um lado o Santos e os investidores acusam Neymar pai de não ter repassado parte dos 10 milhões de euros que recebeu do Barcelona antes da final do mundial em 2011, de outro o pai do atacante do Barça alega que tinha total respaldo e autorização do Santos para a negociação. Pesadas críticas e ofensas, dos dois lados, estão latentes e tudo indica que essa batalha irá parar nos tribunais.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o grupo DIS vai processar o pai de Neymar, o Barcelona e o Santos pela negociação que mandou o atacante ao clube espanhol. O dono da empresa que detinha 40% dos direitos econômicos de Neymar, Delcir Sonda, entende que foi prejudicado ao receber apenas R$ 19,7 milhões na transação – referentes ao valor de 17,1 milhões de euros (R$ 56 milhões) recebido pelo Santos pelos direitos do jogador. Para o grupo, o correto seria uma participação no valor total do negócio, que alcança 86 milhões de euros (R$ 278 milhões).
O temor, contudo, está em como Neymar filho está encarando tudo isso, e como irá se portar durante a Copa do Mundo. Precisamos do garoto com a cabeça boa, caso contrário as chances do Brasil sagrar-se campeão diminuem, e muito, se o craque não estiver inspirado em campo. A seleção não só precisa dele, como depende dele. Todas jogadas passam por Neymar, todos os adversários irão respeitar Neymar e todas os técnicos irão quebrar a cabeça pensando em como parar Neymar.
Mas precisamos do menino focado somente em jogar bola, que é o que ele faz de melhor. Discussões em redes sociais, ainda mais envolvendo seu pai (e maior ídolo segundo ele) certamente irão prejudicar a psique do jogador, e isso não pode acontecer.
Claro que não quero aqui ser egoísta e pensar que ele tem que estar com a cabeça boa para jogar, única e exclusivamente para dar chances para o Brasil ser campeão. Mas isso é uma realidade, não adianta fazer de conta que não. Sem Neymar, o Brasil vira um time comum, ordinário, que não terá aquele diferencial na luta pelo hexacampeonato.
O Brasil tem um bom time, eu sei, bons jogadores que muitas vezes fazem a diferença em seus clubes. Mas a seleção com Neymar é uma coisa, e sem ele é outra completamente diferente.
A torcida é que as partes envolvidas nesse litígio cheguem a um acordo antes da convocação final para a Copa do Mundo, em maio. Com isso, Neymar poderia ir tranquilo para a concentração, e preocupar-se somente em jogar e ajudar o Brasil, porque caso contrário, as esperanças do título irão por água abaixo.
Publicado na edição nº 9663, dos dias 25 e 26 de fevereiro de 2014.