Filme estreado por Paulo Gustavo é espécie de homenagem a todas donas de casa.
É formidável constatar que o Cinema Nacional evoluiu muito nos últimos 40 anos. Saímos das tradicionais pornochanchadas das décadas de 70 e 80, para retomar o rumo interrompido na década de 60, com o Golpe Militar de 1964.
Temos filmes políticos como da série Tropa de Elite 1 e 2 e comédias tão boas quanto as melhores feitas pelos norte-americanos. Um bom exemplo é Minha Mãe é uma Peça, estreada pelo ator Paulo Gustavo.
O roteiro gira em torno de uma mulher e a relação com seus três filhos, um casado e dois que ainda moram com ela, o ex-marido e a mulher dele, sua convivência com os moradores do prédio. Tem aquela pitada de humor escrachado dos cariocas, que muitas vezes beira o estilo “Zorra Total”, mas mesmo assim, ainda vale.
Intercalado por situações cômicas, o filme conta o drama das muitas mulheres divorciadas, que até injustamente, são comparadas pelos filhos, com a nova esposa do pai. A beleza e a juventude foram trocados por anos de dedicação à criação dos filhos, porém, nem sempre acontece o reconhecimento. Diante da ingratidão, a personagem central joga tudo para o alto, sai de casa para passar uns dias, desabafando com uma tia.
Cazuza cantava ironicamente “Só as mães são felizes”. No fundo, elas ficam alegres quando vêem os filhos contentes. Sejam obesos, gays, morem fora, o que pedem em troca é apenas atenção.
Mães são exageradamente preocupadas, a ponto de até nos envergonhar, ao nos tratar, mesmo adultos, como se ainda fôssemos indefesas crianças. Mas em nome de toda renúncia que fizeram por nós, temos de dar este desconto.
Publicado na edição nº 9663, dos dias 25 e 26 de fevereiro de 2014.