Até o final da década de 1920 o setor urbano de Bebedouro restringia-se apenas à área que corresponde ao que hoje é conhecido como o centro antigo da cidade. Foi quando surgiu o primeiro bairro periférico, com a construção da denominada Vila Paulista, cujas moradias eram voltadas exclusivamente para os funcionários da Companhia Paulista.
Na sequência, por iniciativa do major Cícero de Carvalho, ocorreu a formação da Vila São José, com a construção de dezenas de moradias em terrenos de sua propriedade que fora loteada.
Na época, o acesso dos residentes dos dois novos bairros à distante região central era muito precário, especialmente na época das chuvas, em que era comum o transbordamento do leito do córrego da Consulta, localizado entre as duas áreas (centro e bairros). A dificuldade era maior para as crianças, que em dias de sol ou chuva, precisavam driblar boiadas e diferentes tipos de veículos para chegarem a uma das escolas existentes: os grupos escolares Abílio Manoel e Cel. Conrado Caldeira, ambos no centro.
Diante deste contexto, surgiu a demanda da criação de uma escola elementar para atender à crescente população infantil daquela área. Desta forma, após insistentes solicitações das lideranças locais, incluindo o então prefeito Quito Stamato, ocorreu a criação do “Grupo Escolar da Vila Paulista e Bairro São José”, conforme decreto assinado pelo governador Adhemar Pereira de Barros, publicado no Diário Oficial de 20 de setembro de 1951.
Inicialmente a nova unidade escolar foi instalada em caráter provisório em um prédio cedido pelo major Cícero de Carvalho, após passar por reformas e adaptações necessárias. Em janeiro de 1955, conforme publicado em decreto estadual, a escola passou a ser denominada “Grupo Escolar José Francisco Paschoal”, em homenagem ao professor e jornalista que falecera no mês anterior.
No entanto, passados quatro anos da criação da escola, a imprensa denunciava: “Precaríssimas as condições de conservação e higiene do Grupo Escolar José Francisco Paschoal”, conforme publicou a ‘Gazeta de Bebedouro’, na edição de 12 de junho de 1955. A longa matéria informava sobre as dificuldades para atender a mais de 200 alunos, pois as salas de aula eram pequenas, sem luz e abafadas; não havia instalações sanitárias; somente uma fossa para servir a todos. A distribuição da sopa escolar fora suspensa devido à falta de espaço adequado.
Em novembro daquele ano a Prefeitura publicou a Lei n. 292, dispondo sobre a doação de uma área de 5.317 m2 à Fazenda do Estado para a edificação do prédio próprio da escola. Porém, vencidas todas as questões burocráticas, somente em 12 de janeiro de 1958 ocorreria o lançamento da pedra fundamental no terreno localizado no prolongamento da rua São João, atual avenida Maria Dias, sendo responsáveis pela obra o engenheiro João Cosmo Festozo e a Construtora Paoliello S.A. Detalhe: desde dezembro de 1956 a “Vila São José”, bairro em que se localizaria a nova escola, passara a ser denominado “Vila Major Cícero de Carvalho”, em homenagem ao seu idealizador.
A inauguração ocorreu em novembro do mesmo ano, com a presença de autoridades do município, professores, alunos e familiares. Discursos foram feitos pelo inspetor regional de ensino, prof. Edmundo Pacheco de Melo; diretor do estabelecimento, prof. José Leite de Arruda; e prefeito municipal, prof. Francisco Martins Alvarez; sendo a benção realizada pelo Frei Querubim Rega.
Na década de 1970, com a reestruturação da rede estadual de ensino, a unidade tornou-se uma “E.E. de 1º Grau”, ampliando a oferta para até a 8ª série. Novas mudanças ocorreram nas décadas seguintes, inclusive com reformas na estrutura física da escola que se tornou uma das mais tradicionais de Bebedouro.
O patrono: o bebedourense José Francisco Paschoal (1906-1954), era um orador de destaque e como jornalista profissional foi colaborador de diversos jornais locais. Como um dos fundadores da Associação Comercial e Industrial de Bebedouro, teve significativa atuação nos primeiros anos da entidade. Destacou-se como membro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e do Rotary Clube de Bebedouro. Foi diretor-proprietário da Escola Técnica de Comércio Vicente César e vereador da Câmara Municipal de Bebedouro.
(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense. www.bebedourohistoriaememoria.com.br).
Publicado na edição 10.895, sábado a quarta-feira, 11 a 14 de janeiro de 2025 – Ano 100