Nos primeiros meses de 1929 surgiram rumores na cidade de que a equipe da Associação Atlética Internacional poderia realizar uma excursão para a cidade do Rio de Janeiro para jogar contra as principais equipes da então capital federal.
De acordo com as informações que circulavam, o diretor do clube, Luiz Pinto da Rocha, estaria em negociações com alguns times. De fato, para finalizar os entendimentos, seguiu para a capital no final de março. No início de abril confirmou por meio de um telegrama: o glorioso time alvi-rubro realmente iria jogar no Rio de Janeiro.
Era a primeira vez que um time do interior paulista iria jogar na capital. O embarque da equipe, ocorreu em 18 de abril pelo trem noturno da Cia. Paulista. Conforme publicou a “Gazeta de Bebedouro”: “mau grado, um chovisqueiro impertinente, que, tal qual um desmancha prazer, cahiu justamente à hora da partida do comboio, elevadíssimo foi o número de pessoas que affluiu à estação (notando-se a presença de muitíssimas senhoritas, facto que mui raramente aqui de verifica) para levar as suas despedidas e os seus votos de triumpho aos garbosos rapazes aos quaes confiamos a representação e defesa do nome esportivo de Bebedouro. ”
A delegação da Internacional que seguiu viagem foi assim constituída: chefe, José Menezes; secretário, prof. Theodoro Montera; diretor técnico, Odilon Penteado do Amaral; membros, Hélio Antunes e José Augusto Ramos; cronista, José Evangelista, da Gazeta de Bebedouro. Jogadores: Ananias, Cambon, De Vito, Pedro Ratz, Amadeu, Moura, Chrispim, Do Campo, Tricânico, Nelson Paschoal, Farid, Brasil, Borges, Paulo, Tintas e Arminãna.
A primeira partida ocorreu na noite de 25 de abril contra o Flamengo, no estádio de São Januário, resultando no empate de um gol para cada equipe. Assim como os outros jogos, este também foi noticiado pela imprensa carioca, inclusive pelo “Jornal do Brasil”: “O team de Bebedouro deu-nos boa impressão. Sem ser um grande quadro, demonstrou qualidades bem apreciáveis, e o que mais nos agradou, foi a forma cavalheiresca porque se empenhou na lucta. A sua exhibição de hontem pode servir de exemplo a muita gente aqui no Rio.”
O segundo jogo ocorreu no dia seguinte em Niterói, contra a equipe do Ypiranga Futebol Clube. Após atravessar a Baía da Guanabara, a delegação bebedourense foi recebida na estação das barcas por uma comissão do clube adversário e após percorrer em automóveis alguns pontos da cidade, foi levada ao estádio onde ocorreria a partida, que se encerrou com o placar de 5 x 4, com a vitória do time niteroiense.
Foi realizado também um jogo contra o selecionado fluminense, organizado pela Associação Nitheroyense de Esportes Athleticos, em disputa que terminou em 2 x 0, com vitória da Internacional. Contra o Syrio-Libanez, da divisão principal carioca, o placar também foi favorável ao time de Bebedouro, que conquistou a vitória por 5 x 4.
Na véspera do último jogo da Internacional no Rio, o jornal “Rio Sportivo” publicou: “O Vasco da Gama, amanhã, vae enfrentar a forte equipe do Internacional de Bebedouro, em ‘match’ nocturno. A equipe paulista, tem-se destacado entre nós, não só pelo valor de seus elementos, como também pela forma altamente esportiva como se tem conduzido. Vae ser um optimo encontro, que terá por certo elevado número de apreciadores das boas pugnas.” Apesar de ser considerado o time carioca mais forte daquela temporada, o Vasco conquistou a vitória com a contagem de apenas 1 gol a seu favor.
Finalizada a excursão no Rio, o clube bebedourense deixou boas impressões, sendo que até mesmo o seu uniforme foi objeto de uma publicação do “Rio Sportivo”: “Dentre todos os clubs do interior e exterior que aqui na capital da República tem disputado partidas amistosas, o que uniforme mais bonito apresentou foi o Internacional de Bebedouro, de S. Paulo. O uniforme deste grêmio é calção vermelho e camisa branca, tudo um excelente tecido e cuja combinação de cores causou lindo efeito. ”
No regresso a Bebedouro, todos foram calorosamente recebidos pela população na gare e, depois, em ruidoso desfile pelas ruas centrais. Nos dias que se seguiram, as homenagens tiveram continuidade, com a realização de festas, bailes e churrasco, tudo em reconhecimento à memorável excursão futebolística.
(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br).
Publicado na edição 10.888, de sexta a terça-feira, 15 a 19 de novembro de 2024 – Ano 100