O Grande Desafio

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Alcides Leite

A todos os leitores deste artigo eu lanço um desafio. Quem acertar a pergunta ganha um prêmio a escolher: uma seção no salão de beleza do Celso Kamura, uma consulta mercadológica com João Santana ou uma viagem de jatinho das empreiteiras ao exterior.
A pergunta é, o que vai sair primeiro: O Plebiscito sobre a reforma política, o Trem-Bala, a chegada dos seis mil médicos cubanos, a autossuficiência em petróleo, o sucesso do Mercosul, os aportes da Venezuela à refinaria Abreu e Lima, a Transposição do Rio São Francisco, o legado da Copa do Mundo, o fim do programa nuclear iraniano, a regulação da mídia, a comprovação da inexistência do mensalão, a prova da competência gerencial de Dilma Rousseff ou os acertos das previsões de Guido Mantega?
Penso que nunca antes na história deste país houve uma pergunta tão difícil como esta. Aqueles que não querem esperar a morte para ir para o céu, mas querem viver o céu já aqui na Terra, e de preferência no Brasil, terão dificuldades de responder à pergunta. Para eles tudo vai sair ao mesmo tempo, antes de outubro de 2014. Mas para aqueles que ainda acreditam que não existe céu na Terra, a resposta fica ainda mais difícil, pois na lista de resposta não há a alternativa NDA (nenhuma das alternativas anteriores).
Eu sei que as pessoas mais humildes deste país, filhos de mães que nasceram analfabetas, como Paulo Maluf, Afif Domingos, José Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros e Jader Barbalho, vão achar que a pergunta é fruto da conspiração das elites de olhos azuis, que acreditam nos articulistas do New York Times. Mas não! É apenas curiosidade de um cidadão de classe média.
Eu sei que deveria estar mais preocupado com o aquecimento global, pois sei que, sendo redondo, o planeta Terra gira, e a poluição gerada nos países ricos acaba chegando no Brasil. Sei também que deveria estar lutando para que a limpeza e organização da cidade onde moro fossem como a da capital do Namíbia, que nem parece uma cidade africana. Mas infelizmente, como já disse, sou apenas um cidadão de classe média que paga escola particular para os filhos, porque não encontra escola pública de qualidade; paga assistência médica porque não confia na saúde pública; paga condomínio, porque a segurança pública não protege minha casa de ladrões; paga cada vez mais imposto de renda, porque o governo reajusta a tabela do IR a 4,5% ao ano, bem abaixo da inflação. Chego até a pagar flanelinha quando estaciono o carro na rua. Sem falar nos trocados que dou aos pedintes nos faróis. Em compensação, como sei que ninguém vai acertar a pergunta que fiz, não vou ter que pagar uma seção no salão do Celso Kamura, nem a consultoria de marketing do João Santana e muito menos uma viagem de jatinho ao exterior. Isto os representantes dos pobres podem pagar.
Em tempo: Agradeço àqueles que não sentem enjôo quando lêem um texto, por terem lido este artigo.

(Colaboração de Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios).

Publicado na edição n° 9573, dos dias 20, 21 e 22 de julho de 2013.