Antônio Carlos Álvares da Silva
O assunto da semana foi o julgamento do Mensalão. A repercussão não foi só no Brasil. Teve também grande destaque na mídia internacional. Jornais dos Estado Unidos, América Latina e da Europa deram a notícia na primeira página. O motivo foi a condenação do núcleo político do PT, José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares. Essa condenação seguiu uma lógica de aço. Realmente, se antes O Tribunal já tinha condenado Henrique Pizzollato, diretor do Banco do Brasil, por desvio de milhões, de uma subsidiária do Banco; Se já havia condenado Marcos Valério pela participação nesse desvio; Se já havia condenado mais 20 acusados, por corrupção, entre eles 8 deputados, alguém tinha, que ser condenado, como corruptor. Porém, como aqui no Brasil a lógica anda fora de moda, José Genoino e José Dirceu vestiram suas caras de pau e mostraram indignação e surpresa com o resultado. Depois, incitaram a manada do PT a realizar manifestações de protesto, em vários lugares. Foi puro jogo de cena. Fica cômico, como a totalidade da direção do PT quer esquecer fatos, que eles antes engendraram e puseram em prática. Quando, há 7 anos, estourou o escândalo do Mensalão, a cúpula do partido resolveu fazer uma manobra, para tentar blindar Lula. Pensaram, que elegendo um culpado, o caso seria logo esquecido. José Dirceu foi o escolhido e aceitou aparecer como responsável por tudo. Pediu demissão do cargo de ministro e envolveu-se em polêmica com Roberto Jeferson, o denunciante do escândalo. Na sequência, o PT, com apoio de toda a base de deputados, que havia subornado, cassou José Dirceu e Roberto Jeferson dos cargos de deputado. Essa cassação baseada no Mensalão, necessitou da aprovação de mais de 2/3 dos deputados. Ficou claro, que a maioria dos deputados do governo aprovou a cassação de José Dirceu. Quis mostrar, que o culpado havia sido punido e o incidente deveria ser esquecido. Mas, eles não contavam, que os fatos seriam levados para a Justiça. Ocorrida a condenação a direção do PT quer esquecer, o que engendrou e vem com essa conversa mole de conspiração dos jornais com os conservadores do Supremo.
Passam longe dos milhões desviados do Banco do Brasil – estimados entre 50 e 300 milhões e pagos aos partidos da base aliada. Justificam, que foi para pagar despesas de campanha. Tentam escamotear a realidade: Se houve desvio de dinheiro público é crime, qualquer seja a destinação dada a ele. É muita impostura. Mas, nesse torneio de caras de pau, embora o páreo seja disputado, o troféu vai para José Genoino. Sua defesa consistiu em dizer, que assinou os documentos dos falsos empréstimos com o Banco Rural, porque era o presidente do partido e a pedido do tesoureiro Delúbio, mas, não sabia o destino a ser dados aos milhões de reais. O que torna essa versão ainda mais fantástica, é que alguns desses empréstimos, ele assinou, como avalista. E já, que nessa história, tem muita gente brincando de “faz de conta” vamos brincar também. Faz de conta, que cada um de vocês é presidente de um partido, de um clube ou de uma empresa. Chega o tesoureiro delas e diz, que precisa fazer empréstimos bancários de milhões de reais, com seu aval. Você vai perguntar o destino a ser dado ao dinheiro, ou acha, que não é de sua conta? Dei ao José Genoino o troféu “cara de pau” porque, para mim, essa história tem um lado pitoresco: Sempre achei o José Genoino parecido com o capeta. Seu rosto angulado; aqueles olhos pequenos e sem brilho, aquele queixo pontudo, sua barbicha curta e pontuda, me faz lembrar o diabo. E, quando ele me vem com essa conversa de: “eu não sabia; eu não perguntei; foi tudo coisa do Delúbio”, o ridículo explode. Imaginem um homem, com cara de diabo, querendo se passar por ingênuo. A essa altura um José Ingenuino é demais para mim!
(Colaboração de Antônio Carlos Álvares da Silva, advogado bebedourense).
Publicado na edição n° 9465, dos dias 20, 21 e 22 de outubro de 2012.