O presépio e a paternidade

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Trazer um filho ao mundo é mais do que engravidar uma mulher

No final de semana, fui acompanhar meu filho Júnior à cerimônia de troca de faixa dos alunos de judô do Programa Municipal Branco Zanol, realizado na rede municipal de ensino, no Ginásio Sérgio Baptista Zacarelli. Tudo ocorreu na tarde de sábado para dar tempo dos pais que trabalham estarem presentes, mas nem todos compareceram.
Além de trocar a faixa do Júnior, também fui chamado pelo primo dele, de sete anos, para acompanhá-lo na cerimônia, porque nem pai e nem mãe compareceram.
Também vi a triste cena de um filho convidar o pai que estava na arquibancada, mas ele se recusar e sair da Feccib. Ou pais que impacientes, tiraram filhos da cerimônia, porque estava na hora de fazer as compras do fim de semana.
Como já escrevi aqui, sou pai de fim de semana, aquele que fica com o filho aos sábados e domingos. Longe de ser o ideal, mas são as condições das crianças que têm pais que não moram juntos.
Mas crianças que vivem em lares com pais que vivem na mesma casa, também sofrem com distanciamento. Às vezes, a ausência na vida das crianças é involuntário aos pais, pela carga e rotina de trabalho.
Ser pai não é apenas colocar na mesa arroz, feijão e vestir o filho. Precisa estar mais presente. Não é sempre que os filhos nos pedem para estar mais perto. Cerimônias assim acontecem uma vez por ano. Se um sujeito que colocou a criança no mundo não tem um dia para dedicar ao próprio filho, não vale nada. Quem não dedica tempo aos filhos na infância, terá de gastar tempo para visitá-lo na cadeia ou sofrer com desprezo.
O que deve inspirar os pais de hoje é a imagem de São José, ao lado de Maria, que zelam pelo menino Jesus, na manjedoura, exposta nos presépios natalinos. Pai não é quem coloca filho no mundo, pai é quem cria.

Publicado na edição nº 9776, dos dias 25 e 26 de novembro de 2014.