Cifras são mais importantes do que bola. Este é o maior dos fatores para que o futebol seja considerado um investimento de vida.
Olhando as notícias recentes do mercado internacional, deparamos com alguns exageros em que alguns clubes estão abrindo o seu caixa para contratações e pagamentos de salários. A boa e velha desculpa do marketing não justifica as cifras despendidas na compra e manutenção de atletas.
Uma das notícias que mais chamou atenção foi a contratação recente do atacante Hulk pelo Zenit (RUS). Os cartolas da terra da vodka pagaram cerca de 55 milhões de euros ao Porto pelo brasileiro que é praticamente um desconhecido no seu país de origem, porque para muitos Hulk é sinônimo daquela fera grande e verde, personagem dos quadrinhos da Marvel.
O dinheiro gasto na contratação do grandalhão brasileiro está no mesmo patamar de lendas do futebol, como a transferência de Luis Figo para o Real Madrid (60 milhões de euros) e Hernán Crespo para a Lazio (55 milhões de euros).
Porém, esta não foi a notícia mais bombástica da semana. O fato de que Cristiano Ronaldo estaria insatisfeito com seus rendimentos financeiros assustou a todos. O português recebe cerca de 10 milhões de euros (R$ 27,1 mi) por ano e quer mais. As notícias que circulam o mundo dão conta de que o “gajo” estaria triste por ganhar menos que Messi, Drogba, Eto’o, Ibrahimovic e – pasmem –, Dario Conca. Sim, o argentino que é ídolo do Fluminense e partiu para a China para fazer um pé de meia, recebe mais que Cristiano Ronaldo, o superstar, candidato a melhor do mundo de 2012.
Mas o que realmente assusta é a quantidade de zeros envolvidos na conta. Há poucos anos, um salário de 20 milhões de euros anuais (faturamento de Samuel Eto’o na Rússia) era algo impensável. Porém, os multibilionários resolveram dar um pequeno incentivo aos seus clubes de coração e proporcionam estas atrocidades financeiras vistas nos dias de hoje.
E provavelmente este é o maior dos fatores para que o futebol seja considerado um investimento de vida, e não mais uma paixão da infância. Porque, enquanto muitos jogavam por amor e recebiam por amar, hoje muitos jogam para receber e amam receber.
(Colaboração de Rafael Barbosa email: [email protected] e Deborah Ribeiro, e-mail [email protected])
Publicado na edição n° 9447, dos dias 7 a 10 de setembro de 2012.