Estrada de ligação entre as localidades de Jaboticabal e Barretos no século XIX, no processo de formação da cidade de Bebedouro tornou-se a rua do Comércio e, posteriormente, rua Vicente Paschoal, considerada a mais antiga, assim como sua continuidade, rua Cícero Prates. Foto: Acervo do Departamento de Cultura de Bebedouro.

Nas primeiras décadas da formação da cidade de Bebedouro, ainda no final do século XIX, as poucas ruas existentes localizavam-se na área que corresponde à região central e inicialmente não possuíam uma denominação oficial.

Desta forma, conforme o esboço “Bebedouro em 1889” realizado por Aristeu Moreira a partir de relatos do antigo morador José Firmino Carlos e inserido na obra “Bebedouro, em Revista”, publicada em 1949, havia menos de vinte ruas na localidade.

Geralmente tais ruas eram conhecidas por nomes que faziam referência a algum morador, como o beco do Joaquim Messias, beco do Pedrinho da Areia, rua da Maria Belizaria, rua da Dona Maria Inocência, rua do Bento Cidade, rua do Manequinho (como era conhecido Manoel Fragoas Ogando, o primeiro intendente), beco do Izaque (Isaque Francisco Pimenta, o primeiro professor), rua do Sabino (Sabino Gonçalves da Cruz).

Havia também denominações que faziam alusão a santos católicos, como a rua Santa Cruz e a de São Sebastião; ou que se relacionavam a instituições como a rua da Igreja e a do Comércio.

As primeiras denominações oficiais tiveram início ainda no final do século XIX, sendo possivelmente a primeira delas a rua Cel. João Manoel, personagem que já despontava como liderança política no cenário local, tendo significativa atuação nos processos de criação do distrito, município e comarca de Bebedouro. Conforme o pesquisador Arnaldo B. Christianini, a homenagem foi aprovada pela Câmara Municipal em 20 de dezembro de 1894, que decidiu pela mudança do nome da rua do Sabino para rua Cel. João Manoel.

A partir de então, gradativamente as ruas existentes obtiveram novas nomenclaturas, além de outras vias públicas que surgiram em decorrência do crescimento urbano, favorecido pela expansão da cafeicultura e instalação da linha férrea no final de 1902.

Nas edições do ano de 1907 do “Jornal de Bebedouro”, observa-se que o predomínio dos endereços citados nas publicações e propagandas referiam-se às ruas com novas denominações, as quais permanecem até a atualidade, como a já citada Cel. João Manoel e outras: Prudente de Moraes (antiga rua da Igreja); 15 de Novembro (antiga rua do Manequinho); Francisco Ignácio (antiga rua Botafogo); e São João (antigo beco do Izaque).

São citadas também, outras cujos nomes seriam modificados ao longo do tempo, como a São Sebastião (rua dr. Brandão Veras, a partir de 1925); do Comércio (rua Vicente Paschoal, desde o final da década de 1910); da Independência (rua Lucas Evangelista, desde 1941); Largo do Jardim (praça Barão do Rio Branco, desde 1912) e Largo da Matriz (praça Monsenhor Aristides, a partir de 1952).

Dez anos depois, em outras edições do mesmo “Jornal de Bebedouro”, além das ruas já citadas, são indicadas também a 13 de Maio (antigo beco do Pedrinho da Areia e a partir de 1926, rua Antônio Alves de Toledo); 7 de setembro (até então denominada rua da Santa Cruz); Alfredo Ellis (antiga rua Maria Belizaria e que a partir da década de 1940 tornou-se a dr. Oscar Werneck, enquanto o primeiro nome foi transferido para a antiga rua do Bento Cidade), Almeida Pinto (antiga rua Dona Maria Inocência, tornou-se a rua Nossa Senhora de Fátima, a partir de 1953); Carlos Gomes (Vanor Junqueira Franco a partir de 1965); Campos Sales (antiga rua Alegre), dos Andradas (atual Cel. Conrado Caldeira); Rubião Júnior e General Osório.

Na década seguinte, em 1927, são indicados na imprensa local endereços em ruas como Visconde do Rio Branco; dr. Tobias Lima (antigo beco do Joaquim Messias); praça Abílio Manoel (antigo largo Santa Cruz), Adolfo Pinto (antiga rua dos Pescadores) e praça Ruy Barbosa (antigo largo de São Benedito).

Os logradouros citados não eram os únicos então existentes, mas referem-se àqueles em que se localizavam os principais estabelecimentos e instituições. Observa-se que no período abordado, entre o final do século XIX e anos de 1920, houve uma expansão da área urbana, processo que teria continuidade nas décadas seguintes, gerando novas vias públicas e, consequentemente, homenagens a outras personalidades que se destacaram na história bebedourense.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição 10.881, de sábado a terça-feira, 19 a 22 de outubro de 2024 – Ano 100