Entre os primeiros prefeitos de Bebedouro, Cel. Conrado Caldeira, Abílio Alves Marques, Raul Furquim e Antônio Alves de Toledo. Fotos: acervo do autor

Conforme abordado em artigo anterior, até 1908 os chefes do executivo eram denominados ‘intendentes’, sendo que em Bebedouro, desde a emancipação em 1894, sete pessoas ocuparam o cargo até ocorrer a reforma na legislação, e estes passaram a ser denominados ‘prefeitos’.

No entanto, apesar da mudança na nomenclatura, os ocupantes do cargo de prefeito continuaram sendo eleitos pelos vereadores para o mandato de um ano, sendo permitida a recondução, sistema este que vigorou até o final da Primeira República, em 1930. Destaca-se que no referido período, as eleições ocorriam por meio do voto aberto, sendo eleitores apenas os homens maiores de 21 anos, alfabetizados, sendo descartada a participação feminina.

No período entre 1908 e 1930 houve seis ocupantes do cargo de prefeito em Bebedouro, a maioria escolhida para mais de um mandato, cujos nomes e breve biografia são apresentados a seguir:

Valêncio Augusto de Barros (prefeito de 15/1/1908 a 15/1/1910) – o primeiro prefeito foi vereador no período entre 1905 e 1911, presidente da Câmara em 1907 e por dois meses em 1906, ocupou o cargo de intendente. Nascido em Limeira, mudou-se para Bebedouro em 1896, onde adquiriu terras e dedicou-se à agricultura. Em 1912, a praça em frente à Prefeitura recebeu o seu nome.

Conrado Caldeira (de 15/1/1910 a 15/1/1913 e de 15/1/1914 a 15/1/1917) – de origem mineira, foi casado com Júlia Pinto Caldeira, tendo transferindo-se para Bebedouro no ano de 1900, instalando-se com a família em área do atual distrito de Botafogo. Além de prefeito por seis anos, foi vereador, presidente da Câmara e uma grande liderança do Partido Republicano local. Pela atuação no campo político, agrícola e filantrópico, seu nome foi atribuído a uma rua de Bebedouro e outra no distrito de Botafogo, além de ser o patrono do Segundo Grupo Escolar, atual Emef.

Abílio Alves Marques (de 15/1/1913 a 15/1/1914) – nascido na Bahia em 1870, foi casado com Irene Guimarães Marques, com quem teve seis filhos. Mudou-se para Bebedouro por volta do ano de 1890, tornando-se um dos maiores fazendeiros locais. Militou na política local, como vereador, vice-prefeito e prefeito. Após a vitória da Revolução Liberal de 1930, assumiu novamente a Prefeitura por poucos dias. Seu nome foi perpetuado na praça da Santa Casa, onde foi instalado um busto em sua homenagem. Foi patrono de um extinto Grupo Escolar e atualmente seu nome está presente na Escola Estadual na avenida Quito Stamato e na Fundação de Combate ao Câncer, instalada no Hospital Júlia Pinto Caldeira.

Raul Furquim (de 15/1/1917 a 15/1/1921) – nascido no estado do Rio de Janeiro em 1874, foi casado com Donina Valadão Furquim, mudando-se para Bebedouro em 1907, onde investiu na cafeicultura. Na década de 1930 foi um dos primeiros a se dedicar à citricultura ao introduzir os primeiros laranjais em sua propriedade. No campo político, entre 1915 e 1923, exerceu o cargo de vereador e prefeito, sendo expressiva sua atuação na área da filantropia. Nomeia uma das principais avenidas da cidade, que liga a região central aos bairros da região norte.

Cícero da Silva Prates (de 15/1/1921 a 15/1/1924) – de origem baiana, mudou-se para Bebedouro em 1906 e dois anos depois deu início à atuação política, exercendo os cargos de vereador, vice-prefeito e prefeito. Entre outras realizações, promoveu ampla remodelação da praça Barão do Rio Branco, e deu início à colocação de paralelepípedos na cidade, no primeiro quarteirão da rua Prudente de Moraes. Falecido na década de 1930, nomeia o prolongamento da rua Vicente Paschoal, antiga estrada boiadeira, em direção à Vila Paulista.

Antônio Alves de Toledo (de 15/1/1924 a 29/10/1930) – nascido em 1892 na Fazenda Retiro, em Bebedouro, teve relevante atuação política entre as décadas de 1920 e 1940, como vereador e prefeito, cargo que exerceu por cerca de doze anos, incluindo um segundo período, entre 1936 e 1942. Foi responsável por incentivar a citricultura, além do calçamento com paralelepípedos de várias ruas da região central; construção do Ginásio Municipal; criação do Horto Florestal; e abertura de estradas de rodagem. Em 1926, a antiga rua 13 de Maio, localizada na região central, recebeu o seu nome. Faleceu em 1970, tendo publicado uma obra de reminiscências denominada “Memórias de Bebedouro”.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição 10.862, de sábado a terça-feira, 3 a 6 de agosto de 2024 – Ano 100