Osvaldo Schiavon, o poeta emérito de Bebedouro

José Pedro Toniosso

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O poeta emérito, Osvaldo Schiavon (1908-1979), e a capa de seu livro “Alvorada e Crepúsculo”, publicado em 1970. Fotos: acervo do autor

Nascido na cidade paulista de Dois Córregos em 1908, Osvaldo Schiavon ingressou na carreira ferroviária em 1927, na Cia Paulista, onde trabalhou por 37 anos, inicialmente nas cidades de Rincão, São Carlos, Rio Claro e Jaboticabal.

Chegou em Bebedouro no ano de 1929, em decorrência da criação da Superintendência da Terceira Divisão da Cia. Paulista, tendo atuado de forma significativa no Esporte Clube Paulista, do qual foi um dos fundadores. Em 1945 participou da criação da Cooperativa Popular de Consumo, onde atuou por 34 anos, como secretário e presidente. Na política, exerceu a vereança no período entre outubro de 1953 a dezembro de 1963, e como candidato a vice-prefeito na eleição de 1963, foi derrotado por uma diferença de apenas quatorze votos.

No campo das letras, escreveu inúmeras poesias, contos e crônicas, tendo participado de vários concursos literários, com destaque para o “Concurso do Pequeno Conto”, da revista “Boa Nova”, do Rio Janeiro, em 1939, quando o seu trabalho “Conversas” obteve o 4º lugar, em julgamento feito por uma comissão que contava com escritores como Carlos Drumond de Andrade e Graciliano Ramos, entre outros.

Outro concurso de contos do qual participou foi promovido pelo “Centro Cultural Mário de Andrade”, de Tupã, SP, no qual obteve a 1a colocação em duas edições consecutivas, em 1956 e 1957, respectivamente com os trabalhos “Mentiras de Natal” e “Estrela Cadente”, sendo que neste recebeu o prêmio das mãos da escritora Lígia Fagundes Telles.

Em setembro de 1970 publicou “Alvorada e Crepúsculo”, livro considerado “genuinamente bebedourense”, pois aqui foi inspirado, escrito, composto e impresso, neste caso pela Gráfica Arêas, sendo a capa e introdução de autoria de José de Paula Ferreira. Neste, que foi o único livro que publicou, Schiavon reuniu a maioria das poesias que escreveu, as quais foram divididas em três seções: I – Folhas Róridas; II – Estilicídios; III – Rataplã.

Na terceira seção, a maioria das poesias são dedicadas a aspectos da cidade de Bebedouro: “O tamarindeiro” (da praça Rio Branco, de 1958); “A banda” (do maestro Salata e depois do Aristeu, de 1960); “Coreto Velho” (1960); “A Fonte Sonoro Luminosa” (1961); “Laranjas de Bebedouro”; “A perobeira do Fabiano”; “O jovem tamarindeiro” (da praça Monsenhor Aristides); e “Uma epopeia de amor”, em que apresenta uma exaltação à história de Bebedouro, desde suas origens com os tropeiros até a época da citricultura.

Na apresentação do seu livro, Schiavon revelou que cursara apenas o curso primário, tendo sido autodidata na aprendizagem da língua portuguesa, “com os livros nas mãos, estudando os mestres e observando os bons autores”. Ressaltou sobre o seu gosto pela literatura, o que o levou a escrever poesias, contos, fantasias e crônicas, sendo que boa parte de sua produção fora publicada em diversos periódicos do interior paulista.

Entre os jornais locais, teve trabalhos publicados em A Vanguarda, Correio de Bebedouro, Clarão, Fraternidade, Gazeta de Bebedouro, O Bebedourense, São Paulo-Goiás e Voz de Bebedouro, seja assinando o seu próprio nome ou utilizando-se de pseudônimos como Coração Misterioso, Jumos Mazul, Oésse, O. K. e outros.

Osvaldo Schiavon é o autor da letra do “Hino a Bebedouro”, feito em parceria com Paulo Rezende e oficializado como o Hino do Município de Bebedouro por meio da Lei no. 662, de 19 de dezembro de 1966. A parceria se repetiu na composição do hino do cinquentenário do Rotary Club, do qual era associado.

Em junho de 1966, a Câmara e o Executivo Municipal concederam a Shiavon o título de “Poeta Emérito de Bebedouro”, entregue em cerimônia marcada por muita emoção. Outro título concedido a ele pela Municipalidade foi o de “Cidadão Bebedourense” no ano de 1973.

O “poeta emérito” faleceu em 14 de novembro de 1979, aos 71 anos de idade, em decorrência de falência múltipla dos órgãos. Além das homenagens recebidas em vida, em 1981, por meio do Decreto Estadual No. 17.981, seu nome foi perpetuado como patrono da Escola Estadual construída no Bairro Santo Antônio, posteriormente transferida para o bairro Residencial Jardim Pedro Maia.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense  www.bebedourohistoriaememoria.com.br).

Publicado na edição 10.892, sábado a sexta-feira, 7 a 13 de dezembro de 2024 – Ano 100