Não ganharam, mas jogaram bonito e conquistaram corações.
Waldir Peres; Júnior, Luisinho, Oscar e Leandro; Cerezo e Falcão; Éder, Zico e Sócrates; Serginho. Técnico: Telê Santana. Para quem tem mais de 40 anos sabe de cor a escalação da Seleção Brasileira da Copa do Mundo de 1982, disputada na Espanha.
Recordo-me do 1º jogo, quando aos 34 minutos do 1º tempo, o goleiro Waldir Peres, tomou frango do atacante soviético Bal, deixando todos os brasileiros assustados. Porém, a vitória foi de virada, 2 a 1 em cima da União Soviética. Daí em diante foram partidas memoráveis contra Escócia, Nova Zelândia e Argentina, goleada em 3 a 1, na segunda fase.
O sonho acabou na tarde de 5 de julho, no Estádio Sarria, Barcelona, no confronto frente a então desacreditada Itália. Aos cinco minutos do primeiro tempo, Paolo Rossi, nome inesquecível, abriu o placar. Sete minutos depois, o lendário Sócrates empatou. Virou o 2º tempo, Falcão deu a virada para o Brasil, aos 23 minutos, porém, seis minutos depois, novamente Paolo Rossi balançou as redes e colocou ponto final na última seleção que jogava bonito.
Minha geração sentiu-se vingada, doze anos depois, em 17 de julho de 1994, novo confronto Brasil x Itália, desta vez, em final. Lembro-me que retornava de São Paulo, resolvi parar em Santa Ernestina, cidade de amigos, porque se seguisse viagem não iria chegar em Bebedouro a tempo de assistir o jogo. Estávamos todos tão traumatizados de outros fracassos, principalmente 1990, que muitos sairam da sala na cobrança de pênaltis. Fiquei sozinho, enquanto o restante rezava. Quando Roberto Baggio errou, ficou na memória o grito de Galvão Bueno “somos tetra”.
Ganhamos a Copa em 2002, com Ronaldo, cabelo de Cascão e Cia Ltda, viramos pentacampeões mas não foi a mesma coisa. Perdemos sem traumas em 2006 e 2010, porque ninguém encanta mais como a seleção de 1982. Não temos grandes jogadores a serem vingados, porque há 32 anos, craques fazem gols, mas não conquistam corações.
Publicado na edição nº 9704, do dia 10 e 11 de junho de 2014.
