
Nova realidade das famílias brasileiras impõe desafios para pais e mães separados criarem seus filhos sem apelar para as brigas
Um dos motivos que me trouxe de volta a Bebedouro foi a chance de participar de perto, da educação do meu filho – Júnior. Boa parte da vida dele, eu fui o típico pai de fim de semana – aquele que pega a criança para passear, dá muitos presentes, leva a lugares maravilhosos e depois devolve a criança para a mãe.
Não vivo com a mãe de meu filho, e, por um momento, caí na tentação de todos os pais solteiros – brigar pela guarda da criança. Confesso que cheguei a planejar a contratação de advogado, pensar nos argumentos jurídicos e sonhar como seria o quarto dele morando comigo.
Mas é necessário repensar algumas coisas antes de entrar numa briga juridica. 1º – criança não pode ser instrumento de vingança por fim de relacionamento; 2º – é bom recordar a importância que a própria mãe teve em sua vida, porque é esta relevância que a mãe do seu filho (a) tem pra ele; 3º – a maioria dos juízes pensa mil vezes antes de tirar a guarda de filhos da mãe – exceto nos casos dela ser uma tremenda viciada ou criminosa. Em nome do bom senso e do amor que o Júnior tem pela mãe, deixei quieta esta ideia.
Outro recado para os pais solteiros é que eles parem de usar a desculpa mais enfarrapada do mundo pra não pagar pensão alimentícia. Do tipo “a minha ex-mulher usa o dinheiro da criança para ela”. Não cola. E pior, muitos pais pagam uma pensão alimentícia miserável numa tática para piorar as condições de a mãe criar o filho, e depois numa atitude bem nó cego – tentam seduzir o filho com presentes comprados com a grana que deveria estar na pensão.
Admito que não sou um dos melhores pais do mundo. Estou bem longe de ser.
Mas cada coisa que compro para meu filho, consulto a mãe dele. Pergunto para a mãe o que ela proíbe para que eu proíba também. É péssimo este joguinho de mãe malvada e pai bonzinho. Isto só vai entortar a cabeça da criança e gerar um adulto complexado. O segredo é praticar a educação compartilhada, quando pai e mãe, juntos e de forma harmoniosa, lutam para educar o filho.
No fundo mesmo, nós, pais solteiros, temos que tomar vergonha na cara para assumir que em 90% dos casos não estávamos preparados para a paternidade.
A prova disto é que agimos como verdadeiros moleques com as mães dos filhos. Um País forte começa com pessoas de caráter.
(Colaboração de Marco Antônio dos Santos, jornalista).
Publicado na edição n° 9466, dos dias 23 e 24 de outubro de 2012.