
A suspeita de crime passional faz-nos refletir sobre as razões de uma pessoa tornar-se assassina.
Não tem como não dizer que em termos de Segurança Pública, 2012 vai ser um ano difícil de esquecer. No último sábado de 2012, uma empregada doméstica, mãe de família, foi assassinada em casa. O crime chocou a cidade e principalmente quem a conhecia.
Por enquanto, o maior suspeito é o marido, funcionário exemplar de uma grande construtora de Bebedouro, sem qualquer histórico de violência. A poucas horas do crime, o casal saiu sorridente de visita da casa de amigos. Na madrugada, ela estava ensanguentada na cama.
Na minha experiência de duas décadas de Jornalismo, posso dizer que a pior situação é quando o crime é cometido pelo cidadão comum, ordeiro e cumpridor de todos os seus deveres. É a pessoa de bem que inesperadamente comete ato de insanidade.
É muito mais fácil escrever uma reportagem sobre bandidos com longo histórico de homicídios e que finalmente são presos em flagrante. Dá sensação de alívio a todos. Mas quando um cidadão comum vira réu provoca a questão: o que leva uma pessoa a matar outra?
No inicio da década de 90, quando eu era repórter iniciante na Rádio Nova AM, cobri o assassinato de um comerciante no Jardim Aeroporto. A suspeita recaiu sobre a esposa. No local, gravei a entrevista emocionante do vizinho que relatou com lágrimas a tentativa de socorrê-lo. Mas fiquei intrigado com o fato da mulher ter esfaqueado o esposo. Com teimosia consegui chegar até a casa onde ela estava escondida. Descobri que o assassinato foi reação à violência doméstica.
Apesar de ouvir os argumentos da dona de casa em matar o marido, nada há como justificar um homicídio. Quem sabe um bom advogado conseguiria fazer isto, mas sou jornalista.
No fundo, a sensação de incômodo que sentimos com este tipo de crime é fruto daquela impressão de que talvez pudessem ter feito algo para evitar. Porém, o crime passional é como a tempestade tropical. Chega sem dar avisos.
(Colaboração de Marco Antônio dos Santos, jornalista).
Publicado na edição n° 9493, dos dias 3 e 4 de janeiro de 2013.