A eleição do primeiro (e único) deputado estadual de Bebedouro: Dr. Pedro Paschoal

José Pedro Toniosso

0
309

No contexto democrático que caracterizou a política brasileira após o fim do período do Estado Novo em 1945, foram várias as tentativas dos bebedourenses de eleger um representante do munícipio ao legislativo estadual ou federal.

Desta forma, nas eleições de 1950 houve a inscrição de quatro candidatos locais ao legislativo, sendo três para deputado estadual, Júlio Stamato, que obteve 1.614 votos; Tibúrcio Gonçalves Filho, com 860 votos; Luiz Martins Araújo, com 841 votos. Para deputado federal José Francisco Paschoal foi o único pretendente e obteve 1.134 votos. Com estes resultados, nenhum foi eleito, deixando Bebedouro sem representatividade.

Nas eleições seguintes, em 1954, foram lançadas as candidaturas de dois bebedourenses ao legislativo estadual, ambos de famílias tradicionais no município. Hamleto Stamato, pelo Partido Social Progressista, fez sua campanha vinculada ao líder populista que novamente concorria ao executivo, Adhemar de Barros.

O outro candidato, Pedro Paschoal, conhecido como médico dos trabalhadores e do povo, tivera expressiva vitória no pleito para prefeito municipal em 1951 pela coligação PTB – PSD – PDC, e nesta eleição também concorria a uma cadeira da Assembleia Legislativa. Destacava em sua campanha a sua proximidade com o povo e algumas das realizações que fizera à frente do executivo municipal.

Após a realização das eleições em 3 de outubro, as urnas revelaram que mais uma vez os votos dados aos candidatos locais não haviam sido suficientes para eleger um bebedourense ao legislativo estadual. Apenas na comarca de Bebedouro, que incluía também o município de Monte Azul Paulista, enquanto Pedro Paschoal teve um total de 3.187 votos, Hamleto Stamato obteve 1.587 votos.

Passados quatro anos, com a proximidade de outra eleição, surgiu novamente o discurso sobre a necessidade de Bebedouro ter apenas um concorrente a uma cadeira para o legislativo estadual. Desta forma, logo no início de 1958, aconteceu o lançamento da candidatura do médico Ricardo Dias de Toledo.

A expectativa de se ter um candidato único não vingou, pois nas semanas seguintes foi anunciada a inscrição de Pedro Paschoal, que novamente concorreria ao cargo de deputado estadual, pelo Partido Social Trabalhista. Para isso, foi fundado um jornal especialmente para sua campanha, “Voz de Bebedouro”, periódico que continuou sendo publicado depois destas eleições, circulando até o início da década de 1980.

Durante o período da campanha, entre fevereiro e outubro, semanalmente, a “Voz” publicava matérias favoráveis a Pedro Paschoal, também chamado por “Pedrinho” ou “Baixinho”, destacando suas realizações no período em que fora prefeito, caricaturas, artigos e relatos de munícipes defendendo sua candidatura.

Terminada a campanha e logo após o sufrágio, foi apresentada a totalização dos votos, sendo que apenas na comarca de Bebedouro, Pedro Paschoal obteve 3.740 votos e Ricardo Dias de Toledo, 2.051 votos. Somados aos votos obtidos em outros municípios paulistas, finalmente, depois de tantos anos, um candidato bebedourense foi eleito a deputado estadual, com 6.650 votos, o dr. Pedro Paschoal.

A diplomação dos eleitos ocorreu em 28 de outubro de 1958, na Assembleia Legislativa em São Paulo e o exercício do cargo, a partir do mês de março do ano seguinte.

Semanas após a posse dos eleitos, a coletividade bebedourense recebeu uma notícia inesperada: o outro postulante a deputado estadual, dr. Ricardo Dias de Toledo, também seria empossado, pois tendo ficado como suplente, devido ao afastamento de outro deputado eleito, assumiria a vaga que surgira. No entanto, o exercício do cargo foi por curto período e com isso não houve a apresentação de nenhum projeto.

Quanto ao deputado Pedro Paschoal, além desta, foi eleito para mais duas legislaturas: em 1962, pelo Partido Rural Trabalhista, quando obteve 9.254 votos; e em 1966, pela Arena – Aliança Renovadora Nacional, com o total de 10.243 votos.

Exercendo o cargo entre os anos de 1959 e 1971, apresentou dezenas de projetos de lei, muitos aprovados e transformados em lei, as quais beneficiaram diversos municípios em áreas como saúde, educação, segurança e serviço social.

(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense www.bebedourohistoriaememoria.com.br)

Publicado na edição 10.757, sábado a terça-feira, 20 a 23 de maio de 2023