Desde suas origens, Bebedouro tem sua história diretamente ligada à religiosidade, sendo primordialmente de profissão católica nas primeiras décadas. Desta forma, de acordo com os registros, no mesmo ano da fundação oficial, 1884, ocorreu a construção da primeira capela, dedicada à São Sebastião. Se nos anos iniciais da formação da vila esta pequena igreja atendeu às necessidades da população, no decorrer do tempo tornou-se insuficiente para atender o crescente número de fiéis, o que fez com que fosse edificado templo maior, dedicado a São João Batista e que se tornaria a sede da primeira Paróquia.
Na condição de sede paroquial este foi oficializado como Igreja Matriz, a única até a década de 1960, quando seria criada a segunda Paróquia, consagrada à Nossa Senhora Aparecida. Porém, além destas, a história do catolicismo local inclui também a construção de diversas capelas, seja na área urbana, rural ou nos distritos e povoados.
Especificamente na área urbana, além da pioneira, dedicada a São Sebastião e demolida em 1912, registra-se ainda na primeira metade do século XX a elevação de outras capelas que fazem parte da história e da memória afetiva dos fiéis católicos. Incluem-se neste grupo, as que são consagradas a Santo Antônio, São Benedito e Santa Terezinha, além daquelas vinculadas a instituições como Colégio Anjo da Guarda, Santa Casa de Misericórdia e Recanto São Vicente de Paulo.
Singela nos primeiros anos, ampliada e modernizada recentemente, a Capela de Santo Antônio vem a ser a mais antiga das várias existentes na área urbana de Bebedouro. Conforme relatos existentes, suas origens remetem ao início do século passado, especificamente em 15 de outubro 1906, quando a família Tomazini era proprietária de um sítio localizado na antiga estrada da Fazenda Santa Alice, então conhecida como Fazenda do Banco.
Foi quando Valentim Tomazini decidiu construir uma modesta capela particular, para sua família, dedicada à Santo Antônio de Pádua. A imagem do santo padroeiro foi encomendada na Itália, sendo instalada em 13 de junho de 1911, após piedosa procissão, que logo se tornou tradição, sendo realizada ao longo de várias décadas.
No decorrer dos anos houve significativo aumento de frequência de fiéis, que esteve sob os cuidados de Valentim até seu falecimento, quando então passou para seu filho, Julião Tomazini, que manteve as celebrações religiosas, sempre com a colaboração dos párocos da Matriz de São João Batista.
Apesar dos intentos dos padres da Matriz de passarem a Capela de Santo Antônio para sua jurisdição, foi somente em 1972, com a divisão setorial e a criação da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida que o pequeno templo deixou de pertencer à família Tomazini, sendo transferida para a nova Paróquia.
Desta forma, em 11 de agosto de 1972, a chave sob a posse da herdeira Tereza Tomazini, foi transferida para o Cônego José Figuls, que um mês depois daria início a reconstrução, sob a direção do engenheiro Suhail Ismael. Desta forma, a igreja foi remodelada na parte interna e externa, ficando com uma aparência completamente diversa da original, sendo inaugurada em 13 de junho de 1973.
Sob a jurisdição da Paróquia, a Capela passou a contar com significativa colaboração da comunidade do entorno, incluindo famílias como Alcaraz, Calegari, Camolezi, Mazzer, Pereira da Cunha, Ribeiro, Folsta, Lenha Verde, Simões, Firme Alves, Perri, Moura, Avanço e outras.
Quatro décadas depois ficou decidido que a Capela deveria novamente passar por nova reformulação, sendo totalmente reconstruída, tornando-a bem maior do que a edificação anterior, com capacidade para receber mais fiéis. De linhas modernas, tudo foi renovado: altar, piso, mobiliário, iluminação, além da instalação do sistema de ar-condicionado. Ao contrário das construções anteriores que tinham a frente voltada para a rua Rubião Júnior, o novo templo tem sua entrada pela rua Francisco de Paula.
A inauguração da nova Capela de Santo Antônio ocorreu em 13 de junho de 2016 e, desde então, as celebrações foram retomadas, com destaque para as que ocorrem no mês de junho e as diversas cerimônias de casamento realizadas ao longo do ano, tendo em vista a tradição popular de Santo Antônio ser o “santo casamenteiro”.
(Colaboração de José Pedro Toniosso, professor e historiador bebedourense).
Publicado na edição 10.723 da Gazeta de Bebedouro de 22 de dezembro de 2022 a 10 de janeiro de 2023