Em meados da década de 1940, a sociedade bebedourense aspirava a criação de uma escola pública de ensino secundário, tendo em vista que o Estado de São Paulo promovia uma expansão da rede oficial. Em Bebedouro, as únicas unidades escolares públicas existentes eram voltadas para o curso primário, enquanto as etapas posteriores eram atendidas somente por instituições em que o ensino era pago, como o Colégio Municipal, Colégio Anjo da Guarda e Academia de Comércio.
Para viabilizar este propósito foi organizada uma comissão composta pelos professores Paulo Madeira, Manoel Izidoro Filho e Octávio Guimarães de Toledo, auxiliados pelo diretor da Agência Municipal de Estatística, Carlos Catelli. O grupo realizou um abaixo-assinado subscrito por 42 representantes de diversos segmentos sociais e em julho de 1947, enviaram ao deputado Miguel Petrilli, pedindo que intercedesse junto ao governador Adhemar de Barros para a criação de um ginásio, uma escola normal e uma escola profissionalizante.
O intento foi bem-sucedido e, desta forma, em 23 de fevereiro de 1948 foram publicadas duas leis, uma da criação do Ginásio Estadual e Escola Normal de Bebedouro e a outra criando o Curso Prático de Ensino Profissional. Devido à urgência, foi constituída uma comissão que seguiu para São Paulo a fim de solicitar a imediata instalação do estabelecimento. Deste grupo fizeram parte o prefeito Quito Stamato e os vereadores Salvador de Rosis, José Francisco Paschoal, Jonathas Lopes da Silva, Luís Martins de Araújo e João França Teixeira.
Com tais esforços, a autorização foi concedida e em 19 de março daquele ano ocorreu a instalação provisória do Ginásio Estadual no prédio da Academia de Comércio, que funcionava na esquina da rua Prudente de Moraes com Brandão Veras, cedido pelo diretor-proprietário José Francisco Paschoal.
Antecedendo o início das aulas, foram abertas as inscrições aos interessados, o que resultou em 104 candidatos para submeterem-se ao exame de admissão, com provas escritas eliminatórias de Português e Matemática e, na sequência, provas orais de Português e Matemática e provas escritas de História do Brasil e Geografia, o que resultou em 38 alunos aprovados para iniciarem o curso ginasial.
A aula inaugural do Ginásio Estadual ocorreu em 29 de março, ministrada pelo professor Lellis do Amaral Campos e com a presença de alunos, autoridades, professores e o diretor-técnico enviado pela Secretaria da Educação, prof. Joel Aguiar. O primeiro corpo docente nomeado era formado pelos professores Lauro Kfouri, Renato Viscardi, Plinio de Albuquerque Furtado, Pedro Pelegrino, Lellis do Amaral Campos, Antônio Pelegrino, Raimundo Aquino, Juraci de Rosis, Secundina Paschoal e Zeneida Ferreira Lima.
Em 14 de abril do mesmo ano, o Ginásio Estadual foi transferido para o Grupo Escolar Cel. Conrado Caldeira, onde permaneceu até 30 de julho de 1948, quando foi instalado no prédio do Colégio Municipal. Em setembro de 1949, por meio da Lei no. 441, ocorreu a criação do Colégio Estadual e Escola Normal de Bebedouro, sendo extinto o Colégio Municipal de Bebedouro. Na direção da escola estava a professora Maria Stella de Campos Portugal, que no ano seguinte foi substituída pelo professor Enzo Melchior.
Em 1951, através da Lei no. 141, o Município doou ao Estado o prédio e o respectivo terreno em que o Colégio Estadual fora instalado, assim como todas as instalações e material didático que já haviam sido disponibilizados anteriormente de forma provisória.
Finalmente em 16 de dezembro de 1954, a instituição passaria a ter o seu patrono, sendo denominada “Colégio Estadual e Escola Normal Dr. Paraíso Cavalcanti”, em reconhecimento aos relevantes serviços que este médico prestou à população bebedourense por quase cinquenta anos em que morou na cidade. Em março de 1958, devido ao empenho do deputado estadual bebedourense Dr. Pedro Paschoal, foi autorizado a construção de um novo edifício para a escola, que em 1960 se tornaria Instituto de Educação, marcando o início de uma nova etapa na história da instituição. Nas décadas seguintes ocorreram outras algumas mudanças em sua denominação, tornando-se a “Escola Estadual Dr. Paraíso Cavalcanti” em 1999, nomenclatura que permanece no ano de seu centenário.
Publicado na edição 10.664, de sábado a terça-feira, de 7 a 10 de maio de 2022.