As mortes de Cristo e de uma assistente social levam a esta reflexão.
Começo escrevendo a coluna, com um pedido da minha amiga e conselheira tutelar, Patrícia Seixas, para escrever uma homenagem para a ex-conselheira Patrícia Rocha, falecida neste final de semana, após rompimento de aneurisma cerebral.
Conheci pouco a assistente social Patrícia, que era irmã de Camila Rocha, integrante da equipe de Comunicação da Coopercitrus, que também já convivi durante apuração de pautas sobre agronegócio. Porém, esta breve convivência mantida com Patrícia, em reportagens no Conselho Tutelar, deu para perceber tratar-se de uma pessoa comprometida com a causa, querendo melhorar a situação das crianças e adolescentes em risco. Ao lado da Patrícia Seixas, fizeram um bom trabalho. Ela levou ao pé da letra a frase de Paulo, “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé”, escrita na carta a Timóteo.
Sinceramente, não sei qual era a religião de Patrícia Rocha. Também, pouco importa o credo, porque o que se percebia em seus atos eram de uma cristã, daquelas que não ficam só rezando, mas agem pelo bem de todos. O que me faz recordar do questionamento feito por Tiago no Novo Testamento – “De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras?”.
O fato me faz recordar uma das aulas de catequese, na Casa Paroquial de São João Batista, com a hoje diretora da Credicitrus, Madalena Fernandes Rocha. Ela nos fez refletir sobre o trecho dos Discípulos de Emaús. Logo após a Ressureição, Jesus aparece para dois homens, que não o reconhecem fisicamente. Convivem com ele por horas. Apenas se dão conta de quem é após ele partir o pão. Resumo: um cristão é reconhecido pelo que faz, não pelo que veste ou diz.
Justamente neste tempo em que temos um Papa franciscano, com postura preferencial pelos pobres, precisamos refletir sobre nossa postura frente ao mundo. Será que muitos não estão adiando os atos de bondade, na ilusão de que terão tempo?
Reforço que não sei 100% da vida da assistente social Patrícia Rocha. Com certeza tinha seus percalços, como eu também tenho, e muitos, e todos que estão lendo também o têm. Mas Jesus não escolheu para discípulos, justamente os homens mais desajustados da Judéia? A prova de que não eram perfeitos foi a traição de Judas e a covardia de Pedro que negou Cristo três vezes. Todos têm momentos de fraqueza e o futuro provou que a escolha dos doze era correta.
O que importa é nossa disposição em melhorar o mundo. Patrícia fez a parte dela. A justa homenagem que seus amigos podem fazer a ela é imitar sua postura.
(Colaboração de Marco Antônio dos Santos, jornalista).
Publicado na edição n° 9527, dos dias 26, 27 e 28 de março de 2013.