Precisamos voltar a ser criança

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Manter a maturidade sem perder a simplicidade de olhar o mundo e seus problemas.

Dia das Crianças, vontade de presentear o filho com o que há de mais avançado em brinquedo. Mas naqueles estalos bons de inspiração, veio a lembrança da minha infância e jogos como dama, ludo, xadrez, futebol de botão e pião. Para quem nasceu antes dos anos 80 sabe muito bem do que estou falando.
Não há coisa mais sensacional do que ensinar uma criança a jogar dama. Bem diferente dos jogos eletrônicos do Playstation 3. Troca-se habilidade em apertar joysticks pelo aprendizado da estratégia e da atenção. Para vencer, às vezes, até abrir mão de uma peça para ganhar a partida. Vale para a vida este ensinamento.
Eu fiquei surpreso quando ouvi a frase “pai, dama é mais fácil do que xadrez”. Com apenas oito anos, ele já sabe a movimentação de outro jogo de estratégia mais elaborada. Sempre bom recordar o papel pioneiro que tiveram os freis do Educandário Santo Antonio que incentivavam os estudantes a aprender xadrez, desde o ensino fundamental.
Tudo isto faz pensar em um trecho da Bíblia, no Novo Testamento, em que Jesus diz para os apóstolos liberarem a aproximação das crianças. “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança, de maneira nenhuma entrará nele”, Marcos, capítulo 10, versículos 13 a 16.
O resumo é que precisamos parar de olhar este mundo com tanta seriedade e exigências. Queremos que coisas e pessoas sejam do nosso jeito, senão ficamos insatisfeitos, frustrados. Se para uma criança, um pião o faz feliz, por que não somos felizes por termos casa (mesmo alugada), trabalho (mesmo temporário), filhos e saúde? Com certeza, quando morrermos e nos reencontrarmos com Deus, Ele nos repetirá o trecho do evangelho explicando: você tinha tudo para ser feliz e não foi porque se comportou como criança birrenta. E muitos somos assim.
Criança briga, mas em dois minutos faz as pazes, para voltar a brincar novamente. As crianças ensinam muito, a nós, os supostos adultos.

Publicado na edição nº 9610, dos dias 15 e 16 de outubro de 2013.