Ofensas raciais são comuns nos estádios de futebol e precisam acabar.
O caso do goleiro do Santos, Aranha, atacado por ofensas raciais feitas por torcedores do Grêmio, ganhou repercussão nacional. Pior para a torcedora flagrada pelas câmeras chamando o atleta de ‘macaco’.
Mas quem já foi em estádio de futebol sabe que os xingamentos são corriqueiros e até mais fortes. O árbitro é chamado de tudo, menos de santo. Quando é mulher, seja apenas bandeirinha, os torcedores também exageram nos insultos.
Entra em campo a tradição esportiva, que não é só brasileira, de xingar atletas no futebol. Não vamos esquecer da banana jogada para Daniel Alves, durante partida na Europa. E está enraizada na alma de muitos, o preconceito contra o negro, porque este esporte, nascido na Inglaterra, era praticado por pessoas da elite e só brancas.
Demorou muito para que o negro fosse aceito no gramado. Houve quem exigisse que o cabelo fosse alisado e o tom da pele fosse disfarçado com cosmético pó de arroz. Daí vem o apelido dado ao Fluminense.
Mas não é só no esporte que o preconceito existe. Uma jovem mineira foi agredida verbalmente quando postou no Facebook foto ao lado do namorado branco. Como rede social permite a criação de perfis falsos, virou válvula de escape para quem não tem caráter, manifestar tudo de podre que tem dentro de si.
O racismo contra o negro foi praticado por mais de 600 anos. Pelo jeito será necessário mais tempo para reduzir ou eliminá-lo. Para entender como a tarefa é difícil, basta olhar para os judeus, vítimas de preconceito milenar e, ainda hoje, sofrem discriminação. As pessoas não nascem preconceituosas, são educadas assim. Portanto, só o ensino, familiar e escolar serão antídotos para esse mal.
Publicado na edição nº 9740, dos dias 2 e 3 de setembro de 2014.