
A nossa vida é o equilíbrio entre sermos corretos demais, e esquecermos de nos divertir.
Como o seriado de maior longevidade da história da televisão, o desenho animado Os Simpsons nos diverte e nos faz refletir. Há uns anos, o âncora do Jornal Nacional – TV Globo, William Bonner disse que todos somos meio Homer Simpson, personagem do pai da família.
Vou mais longe ao dizer que nós nos parecemos muito com outro personagem da estória, Ned Flanders, o vizinho certinho dos Simpsons. Super religioso, ele leva a vida conforme as escrituras bíblicas, não fala palavrões, não mente, inclusive impedindo que os filhos vejam qualquer programa de televisão. Mas foram inúmeros os episódios onde ele refletiu que não era feliz assim.
Não estou aqui dizendo que todos devam seguir como padrão, o comportamento de Homer, um pai de família que não é exemplo para os filhos, trabalhador preguiçoso e beberrão. Mas o cantor Lobão tem uma frase boa para esta situação: “melhor viver mil anos a mil, do que mil anos a dez”.
A vida é curta demais para deixarmos de fazer algumas coisas por receio. Confesso que há um ano tinha muita vergonha de dançar, preocupado com o que diriam de me mexer desengonçadamente. Passados quase doze meses de aulas de dança de salão, cheguei à conclusão: o que o medo nos faz perder…
Um exemplo bíblico para reforçar o que digo está no Novo Testamento, o Casamento de Canaã, quando Jesus transforma água em vinho. Ele bem que poderia mandar o povo para casa rezar quando esgotou a bebida, mas multiplicou a vinho para manter a alegria.
Seremos muito mais felizes quando aceitarmos os nossos defeitos, tentarmos mudar e não procurar a perfeição, nem em nós e nem nos outros.
Escrevo este texto em homenagem ao ativista cultural e professor de dança, Mauro Penna. Há um ano, ele falecia e deixava um exemplo de comportamento de quem nunca se importou tanto com o que pensavam dele, mas sim em fazer feliz a si e a outras pessoas.
Publicado na edição n° 9568, dos dias 9 e 10 de julho de 2013.