Em defesa da escola Abílio Manoel

0
472

Briga entre alunos não pode servir de parâmetro para medir a importância da instituição.

Semana passada, a comunidade escolar foi surpreendida com o registro policial de agressão a tesourada entre duas estudantes de 16 anos da escola Abílio Manoel, a mais antiga da cidade. O caso teve repercurssão regional, inclusive com reportagem em canais de televisão, que descobriram no Youtube, outra briga, datada de 2011, também entre alunos da mesma instituição.
A tesourada de 2013 surgiu de desentedimento entre as garotas, que eram muitas amigas, por causa de interesse em um garoto. Inusitado é que na década de 80, eu também estudei no Abílio Manoel, e éramos nós que brigávamos pelas meninas, mas não passávamos dos poucos socos, do lado de fora da escola. E todos meus inimigos da época tornaram-se grandes amigos atualmente.
Sempre que acontece coisa deste tipo, as pessoas apressam-se em fazer julgamentos e sugerir medidas de extrema segurança. Uns acham que a direção da escola deveria mandar revistar as bolsas dos alunos, outros vão além. Compreensível a reação, geralmente de pais e parentes, mas a instituição com medida de segurança para adolescentes é a Fundação Casa, o que não é o caso desta respeitável escola.
Falo em defesa do Abílio Manoel porque ao mesmo tempo em que na minha época, a instituição tinha a competente diretora, Maria Conceição Bailão, agora também tem, Andreia Bergamasco, educadora empenhada, com ótimos professores na retaguarda. Desta escola saíram pessoas que se tornaram bons pais e mães de família e excelentes profissionais. Sinceramente não me recordo de nenhum ex-aluno do Abílio que esteja ou passou pela cadeia. E assim vai continuar.
Da década de 80 para cá muita coisa mudou fora do Abílio Manoel. Os pais, talvez sobrecarregados por trabalho, não deram tanta atenção à educação dos filhos. No meu tempo, se minha mãe soubesse que me envolvi em briga na escola, apanhava também em casa. Hoje, com as novas teorias pedagógicas, isto não acontece. Tínhamos exemplos morais em casa que nos impunham limites. E não dá para delegar esta função aos professores que estão lá para ministrar conteúdo.
Enfim, do que aconteceu na semana passada, a escola não tem culpa. Nem as alunas. Perdoem-me os pais e mães destas adolescentes se os ofender, mas os senhores precisam lutar por suas filhas, enquanto ainda há tempo.

Publicado na edição nº 9619, dos dias 5 e 6 de novembro de 2013.