O tráfico de drogas tem arrastado cada vez mais crianças para o comércio e o consumo.
Semana passada, há 100 metros do 1º Distrito Policial, cruzei com um garoto, aparentando 17 anos, fumando, sem qualquer constrangimento, um cigarro de maconha. Em seus olhos, nenhum receio de punição, porque caso fosse apreendido, seria solto por dois motivos: ter menos de 18 anos, portanto, ainda inimputável, e ao delegado, alegaria ser apenas usuário, portanto não permaneceria preso.
Quando o restante dos jovens tomarem consciência da frouxidão da legislação, a Legalização do Uso da Maconha, feito no Uruguai, parecerá tímido, perto do que acontecerá no Brasil.
Outro exemplo que desanima, ouvi do professor de Educação Física, Jorge Luis Justino, o Tarugo, voluntário de projeto da Comunidade Jesus Caminho Seguro, que ensina futebol para crianças moradoras do Alto da Boa Vista. (Inclusive, com matéria publicada, no ano passado na Gazeta). Pois, ele está meio desanimado com a redução de meninos, cada vez mais seduzidos pelo tráfico, como “aviãozinhos”, encarregados de vender pedras de crack. Estratégia perfeita dos traficantes adultos, porque eles sabem que se estas crianças forem apreendidas, serão soltas no mesmo dia e não entregam quem são os verdadeiros donos dos entorpecentes.
Tudo isto acontece em Bebedouro, todos os dias, sem esperança de mudança, por enquanto, porque os projetos ainda são ineficazes. O adolescente que fuma maconha no centro e os meninos perdidos para o tráfico no Boa Vista, todos teriam potencial para tornarem-se novos craques da bola, como Neymar, mas o caminho para imitar ícones negativos como Marcinho VP, Marcola do PCC e Fernandinho Beiramar, parece mais sedutor, se é que viverão o suficiente.
Publicado na edição nº 9707, do dia 17 e 18 junho de 2014.